sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Entrevista com Flavio Bernardes

Flavio Bernardes
Foto: Diego Wendhausen Passos

Data da entrevista: 15/07/2010

Diego: Presente no governo desde 2003, aliado ao PMDB, o PSDB já esteve coligado com o PT e o PDT, em 1994, aliando-se a Amin e Bornhausen quatro anos depois, juntando-se com os peemedebistas em 2002, vencendo as eleições. Quais são os principais critérios que vocês levam em consideração ao formar as coligações?

Flavio: Inicialmente, é a inovação, que cada partido apresenta e tem como projeto, ao que hoje, nós como cidadãos, como pessoas, que vivem em sociedade, tem perspectiva de vida, gostaria de ver o melhor para a população, e para os seus familiares, é fugir daquela mesmisse, daquele continuísmo que nós tínhamos até alguns anos atrás. Surgiu, em 2002, um candidato ao governo, no caso do Luiz Henrique, com uma proposta inovadora, que criava as secretarias de desenvolvimento regional, ou seja, com o objetivo de levar o poder público mais próximo da população, e isso, evidentemente, aliada as nossas pretenções e aos nossos objetivos partidários. Eu sou do PSDB, e a social-democracia é a nossa bandeira, priorizar o coletivo em detrimento do individual, nós resolvemos, assim dessa forma, coligar com o PMDB na oportunidade, e tudo o que aconteceu, nesse período, foi uma revolução na estrutura administrativa, no governo do estado de Santa Catarina. Eu, na condição de funcionário público, há 36 anos, nunca percebi e vivenciei um momento tão diferente, era sempre, como eu falei, o continuísmo. Dessa forma, como o PMDB veio com a proposta de regionalização, de desenvolvimento regional, é um dos critérios e motivos pelos quais o PSDB simpatiza, e vem de acordo com os nossos interesses, em função da comunidade, para o bem dela.

Diego: Nesses quase oito anos da gestão Luiz Henrique, os peesedebistas ganharam espaço no cenário estadual, conquistando algumas das principais prefeituras de Santa Catarina. Neste ano, Leonel Pavan assumiu o governo, já que Luiz Henrique deixou a administração para concorrer ao senado, dando maior visibilidade ao PSDB. Quais os pontos positivos para o partido estar no poder estadual?

Flavio: São vários. O PSDB, antes de coligarmos com o Luiz Henrique, do PMDB, era um partido pequeno. Ele era musculoso, mas minúsculo. Nós tínhamos poucos deputados estaduais, federais, e, de lá para cá, os benefícios que trouxeram foram muitos. O partido evoluiu, na sua ideologia, na sua filosofia, e conseguiu eleger muito mais deputados estaduais, federais. Hoje nós temos seis deputados estaduais, e estamos com um deputado federal, então, já elegemos vários, em outras oportunidades, como no caso de 2006, quando elegemos um deputado federal, que agora saiu da sigla, infelizmente, mas o PSDB continua crescendo.

Diego: Durante o período pré-eleitoral, o PSDB evitou qualquer tipo de aliança com o PT, principal adversário da sigla no plano federal. Por que o partido não busca diálogo com os petistas visando acordos de parceria?

Flavio: É até por uma questão de personalidade e de caráter. Eu acho que devemos separar o joio do trigo. Tudo o que vocês estão vendo, que está aí, que a população está vendo, o presidente, hoje, é manipulado, é dirigido, é orientado por outros, ele não tem voz própria. Ele é um sujeito carismático, mas administrativamente, para dirigir uma nação como a nossa, o Brasil, um dos maiores países do mundo, nós merecemos e precisamos de projetos sociais, e não de favores. O que está acontecendo hoje, o bolsa família, incentivam, motivam as pessoas mais carentes, com mais dificuldades, a não evoluir na vida, a não estudar. Quanto mais filho, melhor, ganhando um pequeno percentual, não há uma concorrência, eles não disputam com ninguém, eles não têm interesse. O que a vemos no Nordeste é uma pobreza só, e por que isso? O que esse governo deveria fazer e deveria ter feitos nesses oito anos? Investir maciçamente em educação, emprego e renda. Educar, profissionalizar as pessoas, e não fazer o que está fazendo. Além disso, olha o que o PT fez, e não é do desconhecimento de ninguém. Mensalão, dinheiro na cueca, e outras coisas que nem devemos citar. Mas está aí, todo mundo viu e sabe. Temos que mudar, crescer, ir para frente, e não ficar na mesmisse. Então não há como coligar com o PT, não tem acordo enquanto eles estiverem com essa ideologia, com esse modo de administrar, é humanamente impossível de nós sentarmos na mesma mesa e conversar.

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