segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Alianças partidárias

As principais mudanças ocorridas no plano das coligações desde a retomada das eleições diretas no estado

Desde o retorno das eleições diretas, em 1982, o processo eleitoral passou por inúmeras mudanças. A mais acentuada foi entre as agremiações partidárias. Dentre as principais siglas, não houve coalizões entre PT e DEM (antigo PFL), e PMDB e PP (antigo PDS). Em 1994, PT e PFL apoiaram Paulo Afonso Vieira contra Ângela Amin, no 2º turno, mas os petistas ficaram na oposição após o pleito, enquanto os liberais apoiaram o peemedebista durante boa parte do mandato.

Um partido que integrou diferentes alianças, foi o PSDB. Em 1990, teve candidato próprio na corrida pelo governo, aliando-se com o PMDB na disputa pelo senado. Quatro anos depois, integrou a Frente Popular, apoiando Nelson Wedekin, então no PDT, aliado também a PT, PC do B, PPS e PSB, dentre outras siglas de esquerda. Na disputa seguinte, integrou a coligação Mais Santa Catarina, com PPB (atual PP) e o PFL, grupo vencedor em torno da candidatura de Esperidião Amin. Nas duas eleições de Luiz Henrique da Silveira, do PMDB, os peesedebistas tiveram os melhores resultados, ganhando espaço no cenário eleitoral catarinense, com a indicação de Leonel Pavan ao senado, em 2002, obtendo significativo crescimento da sigla nos últimos anos.

O PRB (Partido Republicano Brasileiro) e PR (Partido da República) foram o antigo Partido Liberal (PL). Os liberais estiveram durante anos com os pefelistas, aliando-se ao PT em 2002, em aliança muito questionada e discutida na época, principalmente por militantes históricos da agremiação petista. Em âmbito nacional, Lula chegou ao poder e foi reeleito em 2006, com boas possibilidades de emplacar Dilma Rousseff neste ano.

Duas mudanças neste quadro foram destacadas pelo cientista social e jornalista Cláudio Prisco Paraíso. Prisco destaca a união do antigo PFL com o PMDB nas eleições de 1994, quando Jorge Bornhausen apoiou Paulo Afonso e integrou a gestão do peemedebista, e, em 2006, quando juntou-se com Luiz Henrique, saindo do grupo de oposição. Nas eleições de 2002, o ex-prefeito de Joinville foi eleito com a bandeira da descentralização, além de criticar o modelo oligárquico no estado, em alusão as famílias Amin e Bornhausen. Quatro anos depois, aconteceu a aliança entre ambos, com a reeleição do peemedebista e a chegada de Raimundo Colombo ao senado. Mas, de acordo com o jornalista, a mudança mais acentuada foi entre o PT, de Ideli Salvatti, com o PP de Esperidião e Ângela Amin. Petistas e progressistas, adversários históricos, trocaram apoios em 2006, com os pepistas recebendo o apoio do grupo trabalhista na esfera estadual, enquanto nas eleições federais, Lula foi apoiado pelos antigos adversários.

Até meados da década de 1990, havia uma união mais alinhada entre as siglas, com alianças mais direcionadas ao plano ideológico, os segmentos de esquerda coligados às agremiações que defendiam as mesmas bandeiras, de esquerda (socialistas), centro (sociais-democratas) e direita (liberais e progressistas). Porém, nos últimos 10 anos, conforme Prisco, ocorreu uma geleia geral, “um samba do crioulo doido”, confundindo o eleitorado, devido as alianças entre agremiações defendendo ideais completamente distindos.

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