domingo, 25 de novembro de 2012

Jenson Button vence no Brasil e Sebastian Vettel ganha o título

Britânico venceu corrida marcada por boas disputas e Vettel chega ao tricampeonato

A instabilidade climática contribuiu para as inúmeras disputas, trocas de posições e diferenciadas estratégias de corrida. Na volta de abertura, Vettel foi tocado por Bruno Senna, mas conseguiu voltar a disputa, enquanto o brasileiro, o mexicano Sergio Perez e Romain Grosjean ficaram fora da corrida.

Desde as primeiras voltas, a briga pela liderança ficou entre os pilotos da McLaren. Button ultrapassou Hamilton, que trocou os compostos lisos pelos intermediários, mas não conseguiu vantagem significativa, tendo que voltar aos boxes, retornando em 3º lugar, atrás do colega de equipe e do alemão Nico Hulkenberg, um dos destaques da prova. Com a primeira intervenção do safety car, para retirar pedaços de carro na pista. Com a entrada do carro de segurança, o competidor da Force India imprimiu um ritmo forte, passando Button e assumindo a liderança, e, algumas voltas a seguir, Hamilton pulou para o 2º posto, alcançando Hulkenberg a ganhando a liderança, mas um erro do alemão tirou o inglês da disputa. O alemão teve que passar pelos boxes como punição, caindo para a 5ª posição, mas recuperou o lugar de Webber, ficando atrás da dupla da Ferrari. Alonso não teve dificuldades de alcançar e passar Felipe Massa, mas a dupla da escuderia italiana não foi páreo para o time de Woking, que salvou o dia com a vitória de Button.

Apesar das dificuldades, Vettel fez várias ultrapassagens e uma boa corrida de recuperação, conseguindo um resultado suficiente para ser campeão pelo terceiro ano consecutivo, feito conseguido apenas por Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher. Após a última troca, o jovem alemão ultrapassou Schumacher e chegou ao 6º lugar.

A Mercedes, sem pontuar há cinco etapas, voltou aos pontos com a 7ª colocação de Schumacher, que se despediu da Fórmula 1. Kobayashi, sem lugar garantido para a próxima temporada, foi o 8º, a frente do francês Jean-Eric Vergne e do finlandês Kimi Raikkonen, que fechou a zona de pontuação, ficando em 3º lugar entre os pilotos.

Resultados:
Pole: Lewis Hamilton, McLaren Mercedes
Melhor Volta: Lewis Hamilton, McLaren Mercedes

Corrida
1º) Jenson Button, McLaren Mercedes
2º) Fernando Alonso, Ferrari
3º) Felipe Massa, Ferrari
4º) Mark Webber, Red Bull Renault
5º) Nico Hulkenberg, Force India Mercedes
6º) Sebastian Vettel, Red Bull Renault
7º) Michael Schumacher, Mercedes
8º) Kamui Kobayashi, Sauber Ferrari
9º) Jean-Eric Vergne, Toro Rosso Ferrari
10º) Kimi Raikkonen, Lotus Renault

Classificação

Mundial de Pilotos
1º) Sebastian Vettel, 281 pontos
2º) Fernando Alonso, 278 pontos
3º) Kimi Raikkonen, 209 pontos
4º) Lewis Hamilton, 190 pontos
5º) Jenson Button, 188 pontos
6º) Mark Webber, 179 pontos
7º) Felipe Massa, 122 pontos
8º) Romain Grosjean, 96 pontos
9º) Nico Rosberg, 93 pontos
10º) Sergio Perez, 66 pontos
11º) Nico Hulkenberg, 63 pontos
12º) Kamui Kobayashi, 62 pontos
13º) Michael Schumacher, 49 pontos
14º) Paul Di Resta, 46 pontos
15º) Pastor Maldonado, 45 pontos
16º) Bruno Senna, 31 pontos
17º) Jean-Eric Vergne, 14 pontos
18º) Daniel Ricciardo, 10 pontos

Mundial de Construtores
1º) Red Bull Renault, 460 pontos
2º) Ferrari, 400 pontos
3º) McLaren Mercedes, 378 pontos
4º) Lotus Renault, 303 pontos
5º) Mercedes, 142 pontos
6º) Sauber Ferrari, 128 pontos
7º) Force India Mercedes, 111 pontos
8º) Williams Renault, 76 pontos
9º) Toro Rosso Ferrari, 24 pontos

domingo, 18 de novembro de 2012

Lewis Hamilton vence nos Estados Unidos


Inglês supera Vettel nas voltas finais e decisão do título vai para o Brasil na próxima semana

Largando na pole, Sebastian Vettel contou com a ajuda do colega de equipe Mark Webber na largada, que conseguiu superar Hamilton na primeira curva, mas foi ultrapassado pelo inglês ainda nas voltas iniciais, desistindo da disputa com problemas no carro. Com isso, aproximou-se do competidor da Red Bull, conseguindo alcançar a liderança na parte final da corrida, mantendo uma pequena vantagem sobre o alemão. A McLaren conseguiu ganhar novamente, e com a recuperação de Jenson Button, fazendo diversas ultrapassagens e optando por uma estratégia diferente dos adversários, voltou em 7º lugar, superando as Lotus de Romain Grosjean e Kimi Raikkonen, garantindo a 5ª colocação. Felipe Massa, após a polêmica troca de câmbio da Ferrari, visando beneficiar o espanhol Alonso, também mostrou um bom desempenho, mais uma vez disputando com o ex-colega dos tempos de Maranello, chegando atrás do espanhol, que completou o pódio.

Nas posições intermediárias, também tiveram muitas ultrapassagens e boas disputas. A Mercedes voltou a decepcionar. O time alemão ainda conseguiu levar Michael Schumacher ao 5º posto no grid, mas o carro não consegue manter o desempenho ao longo das voltas. Os carros prateados vão para a quinta corrida sem somar pontos. Nico Hulkenberg voltou a andar bem e somar pontos, superando novamente o companheiro Paul Di Resta, segurando a pressão de Pastor Maldonado nas voltas finais. Bruno Senna somou o último ponto, superado pelo venezuelano, ainda conseguiu, pela terceira vez consecutiva, cruzar a linha de chegada entre os 10 melhores.

Resultados:
Pole: Sebastian Vettel, Red Bull Renault
Melhor Volta: Sebastian Vettel, Red Bull Renault

Corrida
1º) Lewis Hamilton, McLaren Mercedes
2º) Sebastian Vettel, Red Bull Renault
3º) Fernando Alonso, Ferrari
4º) Felipe Massa, Ferrari
5º) Jenson Button, McLaren Mercedes
6º) Kimi Raikkonen, Lotus Renault
7º) Romain Grosjean, Lotus Renault
8º) Nico Hulkenberg, Force India Mercedes
9º) Pastor Maldonado, Williams Renault
10º) Bruno Senna, Williams Renault

Classificação

Mundial de Pilotos
1º) Sebastian Vettel, 273 pontos
2º) Fernando Alonso, 260 pontos
3º) Kimi Raikkonen, 208 pontos
4º) Lewis Hamilton, 190 pontos
5º) Mark Webber, 167 pontos
6º) Jenson Button, 163 pontos
7º) Felipe Massa, 107 pontos
8º) Romain Grosjean, 96 pontos
9º) Nico Rosberg, 93 pontos
10º) Sergio Perez, 66 pontos
11º) Kamui Kobayashi, 58 pontos
12º) Nico Hulkenberg, 53 pontos
13º) Paul Di Resta, 46 pontos
14º) Pastor Maldonado, 45 pontos
15º) Michael Schumacher, 43 pontos
16º) Bruno Senna, 31 pontos
17º) Jean-Eric Vergne, 12 pontos
18º) Daniel Ricciardo, 10 pontos

Mundial de Construtores
1º) Red Bull Renault, 440 pontos
2º) Ferrari, 367 pontos
3º) McLaren Mercedes, 353 pontos
4º) Lotus Renault, 302 pontos
5º) Mercedes, 136 pontos
6º) Sauber Ferrari, 124 pontos
7º) Force India Mercedes, 99 pontos
8º) Williams Renault, 76 pontos
9º) Toro Rosso Ferrari, 21 pontos

domingo, 4 de novembro de 2012

Kimi Raikkonen vence em Abu Dhabi


Finlandês volta ao topo do pódio depois de três anos

Em corrida bastante movimentada, com duas entradas de safety-car, o competidor da Lotus aproveitou os problemas de Lewis Hamilton, que desistiu, com problemas no carro, para alcançar a liderança da corrida e manter-se na dianteira até a bandeirada final.

Largando na 4ª colocação, superou Maldonado e Webber ainda na primeira curva, mas não conseguiu acompanhar Hamilton, que liderou com tranquilidade até desistir da disputa. Atrás do nórdico, os pilotos da Williams e Red Bull também foram superados pela Ferrari de Alonso, e mais tarde, por Jenson Button, que aproveitou-se da rodada do australiano e algumas voltas após, ultrapassou o venezuelano.

Punido por não possuir a quantidade mínima de combustível para as amostragens após os treinos de classificação, Sebastian Vettel saiu da última colocação, e fez uma grande corrida de recuperação, saindo do último posto. Enfrentou alguns toques, mas com as intervenções do carro de segurança, ganhou tempo precioso, principalmente na segunda oportunidade, quando a distância de Jenson Button foi reduzida, podendo superar o inglês, faltando duas voltas para o término da corrida, garantindo o último lugar no pódio.

Em atuações regulares, Maldonado e Kobayashi terminaram atrás do piloto da McLaren, e a frente da dupla brasileira, com Felipe Massa a frente de Bruno Senna. Na classificação, o ferrarista ganhou duas posições, passando Romain Grosjean e Nico Rosberg, que ficaram pelo caminho, após envolverem-se em acidentes.

Fechando a zona de pontuação, o escocês Paul Di Resta, da Force India, e o australiano Daniel Ricciardo, da Toro Rosso. Michael Schumacher chegou perto, mas com um pneu furado, teve que ir aos boxes, ainda na segunda passagem do safety-car, terminando apenas na 11ª colocação.

Resultados:
Pole: Lewis Hamilton, McLaren Mercedes
Melhor Volta: Sebastian Vettel, Red Bull Renault

Corrida
1º) Kimi Raikkonen, Lotus Renault
2º) Fernando Alonso, Ferrari
3º) Sebastian Vettel, Red Bull Renault
4º) Jenson Button, McLaren Mercedes
5º) Pastor Maldonado, Williams Renault
6º) Kamui Kobayashi, Sauber Ferrari
7º) Felipe Massa, Ferrari
8º) Bruno Senna, Williams Renault
9º) Paul Di Resta, Force India Mercedes
10º) Daniel Ricciardo, Toro Rosso Ferrari

Classificação

Mundial de Pilotos
1º) Sebastian Vettel, 255 pontos
2º) Fernando Alonso, 245 pontos
3º) Kimi Raikkonen, 198 pontos
4º) Mark Webber, 167 pontos
5º) Lewis Hamilton, 165 pontos
6º) Jenson Button, 153 pontos
7º) Felipe Massa, 95 pontos
8º) Nico Rosberg, 93 pontos
9º) Romain Grosjean, 90 pontos
10º) Sergio Perez, 66 pontos
11º) Kamui Kobayashi, 58 pontos
12º) Nico Hulkenberg, 49 pontos
13º) Paul Di Resta, 46 pontos
14º) Pastor Maldonado, 43 pontos
15º) Michael Schumacher, 43 pontos
16º) Bruno Senna, 30 pontos
17º) Jean-Eric Vergne, 12 pontos
18º) Daniel Ricciardo, 10 pontos

Mundial de Construtores
1º) Red Bull Renault, 422 pontos
2º) Ferrari, 349 pontos
3º) McLaren Mercedes, 318 pontos
4º) Lotus Renault, 288 pontos
5º) Mercedes, 136 pontos
6º) Sauber Ferrari, 116 pontos
7º) Force India Mercedes, 93 pontos
8º) Williams Renault, 59 pontos
9º) Toro Rosso Ferrari, 21 pontos

domingo, 28 de outubro de 2012

Sebastian Vettel vence na Índia


Piloto da Red Bull ganha a quarta consecutiva e amplia vantagem para Alonso na classificação

Em corrida pouco movimentada nas primeiras posições, as principais disputas aconteceram no bloco intermediário, entre Sauber, Mercedes e Williams, pelas últimas colocações da zona de pontuação.

Entre os líderes, o destaque foi Fernando Alonso, que conseguiu largar bem e fazer uma primeira volta bem disputada com a dupla da McLaren, em que os três pilotos emparelharam e tiveram uma grande disputa, com Button ficando a frente do espanhol e do colega Hamilton, sendo superado por ambos voltas mais tarde, seguidos por Felipe Massa e Kimi Raikkonen. O finlandês, em mais uma atuação regular, andou a corrida inteira próximo do brasileiro, mas não conseguiu superar o ex-companheiro de equipe, chegando no 7º posto.

Após as trocas de pneus, Alonso aproximou-se de Webber e superou o australiano, ganhando a 2ª colocação, enquanto Hamilton conseguiu se aproximar, mas sem tempo de ultrapassar o competidor da Red Bull. Outra disputa envolveu Jenson Button e Romain Grosjean, que foi o último dos líderes a ir aos boxes. O britânico chegou a colocar de lado, mas sem concluir a manobra, ficando com a 5ª posição apenas quando o francês parou nos boxes, fazendo a melhor volta da corrida.

A dupla brasileira conseguiu sair da Índia com pontos. Massa foi 6º colocado, segurando a pressão de Raikkonen, e Bruno Senna, em 10º, somou um ponto. Outro destaque foi o alemão Nico Hulkenberg, levando o Force India ao 8º lugar.

Novamente, as decepções foram Sauber e Mercedes. Michael Schumacher teve um toque com um Toro Rosso ainda na volta de abertura, caindo para o último lugar, assim como Sergio Perez, que vinha com boas chances de pontuar, abandonando a disputa. Nico Rosberg, superado por Bruno Senna, foi apenas o 11º colocado. Kobayashi, em atuação discreta, ficou apenas em 14º lugar.

Resultados:
Pole: Sebastian Vettel, Red Bull Renault
Melhor Volta: Jenson Button, McLaren Mercedes

Corrida
1º) Sebastian Vettel, Red Bull Renault
2º) Fernando Alonso, Ferrari
3º) Mark Webber, Red Bull Renault
4º) Lewis Hamilton, McLaren Mercedes
5º) Jenson Button, McLaren Mercedes
6º) Felipe Massa, Ferrari
7º) Kimi Raikkonen, Lotus Renault
8º) Nico Hulkenberg, Force India Mercedes
9º) Romain Grosjean, Lotus Renault
10º) Bruno Senna, Williams Renault

Classificação

Mundial de Pilotos
1º) Sebastian Vettel, 240 pontos
2º) Fernando Alonso, 227 pontos
3º) Kimi Raikkonen, 173 pontos
4º) Mark Webber, 167 pontos
5º) Lewis Hamilton, 165 pontos
6º) Jenson Button, 141 pontos
7º) Nico Rosberg, 93 pontos
8º) Romain Grosjean, 90 pontos
9º) Felipe Massa, 89 pontos
10º) Sergio Perez, 66 pontos
11º) Kamui Kobayashi, 50 pontos
12º) Nico Hulkenberg, 49 pontos
13º) Paul Di Resta, 44 pontos
14º) Michael Schumacher, 43 pontos
15º) Pastor Maldonado, 33 pontos
16º) Bruno Senna, 26 pontos
17º) Jean-Eric Vergne, 12 pontos
18º) Daniel Ricciardo, 9 pontos

Mundial de Construtores
1º) Red Bull Renault, 407 pontos
2º) Ferrari, 316 pontos
3º) McLaren Mercedes, 306 pontos
4º) Lotus Renault, 255 pontos
5º) Mercedes, 136 pontos
6º) Sauber Ferrari, 116 pontos
7º) Force India Mercedes, 93 pontos
8º) Williams Renault, 59 pontos
9º) Toro Rosso Ferrari, 21 pontos

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Fontes de pesquisa

Livros:

Celestino Sachet e Sérgio Sachet: O Contestado
Elio Serpa: A Guerra do Contestado (1912-1916)
Guido Wilmar Sassi: Geração do Deserto
Walter Tenório Cavalcanti: Guerra do Contestado

Entrevistas:

Celso Martins (Jornalista e Historiador)
Dario Prado Junior (Fotógrafo e Jornalista)
Esperidião Amin (Professor universitário e Ex-governador)
Gilead Mauricio (Administrador e Jornalista)
Paulo Roberto Hapner (Advogado e Desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná)
Vicente Telles (Museu do Contestado)

Internet:

Brasil, 1912: A Guerra dos Pelados
Disponível em:
Acesso: em 19 ago. 2012

Brasil Escola: Guerra do Contestado
Disponível em:
Acesso em: 19 ago. 2012

Contestado: A guerra desconhecida (Cangablog)
Disponível em:
Acesso em: 7 out. 2012

Guerra do Contestado (Dicas grátis na Net)
Disponível em:
Acesso em: 7 out. 2012

História da Ferrovia do Contestado (Vida Dmaquinista)
Disponível em:
Acesso em: 7 out. 2012

Histoire du Brésil: Guerra do Contestado
Disponível em:
Acesso em: 19 ago. 2012

Infoescola: Guerra do Contestado
Disponível em:
Acesso em: 19 ago. 2012

Wikipédia: A Guerra dos Pelados
Disponível em:
Acesso em: 19 ago. 2012

Wikipédia: Manoel da Silva Mafra (Conselheiro Mafra)
Disponível em:
Acesso em: 7 out. 2012

Vídeos:

A Guerra dos Pelados: Sylvio Back

Contestado: A guerra desconhecida: Dario de Almeida Prado Junior e Sergio Rubim (Canga)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Entrevista com Gilead Mauricio


Gilead Mauricio
Foto: Diego Wendhausen Passos

Gilead Mauricio é formado em Administração, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e em Jornalismo pela Faculdade Estácio de Sá, de Santa Catarina. Atua como trabalhador autônomo.

Data da entrevista: 15/08/2012

Diego: Como surgiu a ideia de realizar o trabalho sobre a Guerra do Contestado?

Gilead: Durante a faculdade de Jornalismo, eu tinha a ideia de fazer o trabalho sobre o Contestado, realizando um mapeamento, por que eu gostava muito do tema, achava interessante, mas da mesma forma lia sobre o assunto, não entendia onde foi o evento, em que lugar aconteceu, como são aqueles lugares atualmente. Eu tentava analisar, mas ficava meio distante, não dava para ligar com a realidade, queria fazer um mapeamento, ver como é hoje, como estão esses locais, se há descendentes dos caboclos. Buscava pesquisar isso, eu não encontrava nos livros. As publicações que pesquisei eram boas, muitas delas interessantes, mas não conseguiam situar o leitor dentro do evento guerra do Contestado. Vou fazer sobre isso, escrever um livro, e o Trabalho de Conclusão de Curso foi o primeiro passo. Faço ele como trampolim para depois fazer o livro.

Diego: Quais foram as principais dificuldades para a realização do trabalho?

Gilead: A primeira, a distância. Daqui até Caçador são 400 quilômetros. Tem que se ausentar daqui para ir até a região. Segundo, é encontrar os locais onde houveram os conflitos, diferente de Canudos, por exemplo, ocorrida em um lugar, a guerra do Contestado teve diversos palcos. Você vai encontrar em um raio de 100 quilômetros, de Caçador, você vai passar por vários lugares onde houveram confrontos, visando situar esses lugares, esquecidos hoje. Tinha que procurar um historiador que conheceu aquela região, para saber onde ficavam os antigos redutos. Isso é difícil de encontrar, e aproveitei para fazer um mapeamento e no meu livro falo onde ficam esses lugares, para facilitar o leitor, por que não sabia onde eram. Precisei ler bastante, conversar com muitos historiadores, que sabiam onde ficava o lugar, mas também há vários que não sabem onde fica. Eles escreveram, mas não sabem onde se situa, onde ficam aqueles locais. É difícil encontrar aqueles locais. Em lugares como Timbó Grande, por exemplo, é muito difícil de chegar, mais complicado de encontrar.

Diego: Em relação as fontes de pesquisa, o material é fácil de encontrar ou a quantidade é pequena?

Gilead: O material é fácil. As primeiras fontes de pesquisa foram os livros, publicados hoje. Alguns deles não tem mais a venda, por isso necessitei procurar, fazer uma cópia, porque você não encontra. Alguns deles são impossíveis, livros raros e você não encontra. Os primeiros escritos dos militares, no início do século passado, depois da guerra, muitos não existem mais. Se você consegue um exemplar desses, é o único jeito é fazer uma cópia. Os livros, muitos estão acessíveis. Outros mais difíceis tem que correr atrás, mas se o pesquisador quiser saber mais, tem os museus. Se a pessoa chegar hoje, no museu do Contestado, é bem atendido. Outra fonte são os historiadores. Do tema, que pesquisam sobre o conflito. Todos eles são acessíveis. Acho que o historiador do evento quer passar a ideia, que as pessoas entendam e eles querem vender a ideia do Contestado. Eles não se furtam a dar a informação, furtam a sentar com você uma ou duas horas para falar sobre o assunto para explicar, e, percebendo que você está fazendo um trabalho sério, eles vão sentar contigo. Todos eles foram muito solícitos.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Entrevista com Dario de Almeida Prado Junior


Dario Prado Junior e Sérgio Rubim (Canga)
Foto: Diego Wendhausen Passos

Dario de Almeida Prado Junior é jornalista e fotógrafo. Trabalhou nas revistas Veja, Visão, Jornal O Estado, Jornal da Bahia, foi colaborador do Jornal Afinal. Atualmente atua como fotógrafo e taxista.

Data da entrevista: 08/08/2012

Diego: Como surgiu a ideia de produzir um material sobre a guerra do Contestado?

Dario: Em 1984, no governo de Esperidião Amin, o Sérgio Rubim (Canga), o Jurandir Pires de Camargo, e eu, Dario de Almeida Prado Junior, apresentamos um projeto para o governador, para fazer um documentário sobre a guerra do Contestado. A ideia era viajar pelo estado, buscar os remanescentes do conflito e registrar entrevistas com eles, que nós fizemos no período de 1984 e 1985. No final do ano de 1985, nós tínhamos rodado 30 mil quilômetros, encontrado alguns sobreviventes, e com eles realizamos as gravações propostas, e lançamos um documentário de 56 minutos de duração, chamado de Contestado: a guerra desconhecida. O título deve-se ao fato de que se tratava de um conflito acontecido no Brasil, praticamente na região hoje compreendida pelo estado de Santa Catarina, e que tem uma importância muito grande na história brasileira.

Diego: Pegando o final do período militar, e já o período pós-ditadura, ainda pegando o período de censura, de transição do período de repressão para abertura política, vocês chegaram a enfrentar alguma dificuldade para publicação dos materiais?

Dario: Na publicação não, mas quando fizemos em 1984 e 1985, ainda era ditadura, no governo do general João Baptista Figueiredo, aquele que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro do povo, e nós não podemos, não pensamos e nem conseguimos nenhum contato para fazer uma pesquisa nos arquivos do exército, por exemplo. Essa dificuldade houve. Para veiculação do material, não. Nós participamos inclusive de uma mostra de filmes que se abordavam a questão da posse da terra no Brasil, em um evento promovido pela Unicamp, e acabamos ganhando um prêmio especial do júri, pelo nosso trabalho, eles ficaram com uma cópia nos arquivos da universidade, e foi muito positivo para nós.

Diego: E com relação aos materiais, teve bastantes dificuldades ou na época o material era vasto, de fácil pesquisa?

Dario: Não era de fato pesquisa. Viajamos muito e encontramos muita gente que não quis falar, sentiram-se intimidadas, passados 60 anos do conflito, por terem sido os perdedores, na sua maioria. Nós entrevistamos apenas os soldados, os outros foram revoltosos, ou ligados ao grupo, e como eles eram os perdedores, são vistos como os monstros da guerra, então eles se sentiam intimidados em fazer entrevista, mas muitos foram mais generosos, compreensivos e nós conseguimos produzir o vídeo.

domingo, 21 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Entrevista com Vicente Telles


Vicente Telles
Foto: Diego Wendhausen Passos

Vicente Telles trabalha no museu do Contestado, no município de Irani

Data da entrevista: 03/08/2012

Diego: Que viés tem o Contestado? Quais são eles?

Vicente: Eu entendo que o Contestado tem três vieses fundamentais: a informação, importantíssima base, fundamental para o conhecimento genérico da história, é o corpo que engloba ele. Agora, tem o outro viés, o da deformação. Quer dizer a coisa errada, são as pessoas que exploram a causa em favor próprio, e não a causa pela causa. Nós precisamos obter os sentimentos. O cidadão que escreve, às vezes, por conveniência, para ele, e não pela causa. Seriam os estelionatários da história, que estão buscando querer ganhar dinheiro em cima da história. Então, eu digo, viés é a informação, tem outro viés, da deformação, o que eu acabei de falar, e o da formação, ensinando os exemplos de coragem e de bravura dos caboclos do Contestado contra a opressão. Esses são exemplos que eu enfatizo em minhas palestras para alunos que recebo no meu memorial, semanalmente, de vários pontos do estado, do Paraná, do Rio Grande, de Santa Catarina, e com o incentivo, estimo eles e sentirem essa vibração de catarinismo que não temos. Não temos identidade. Temos visto isso em Santa Catarina, e nenhuma delas, isoladamente, ou em conjunto, representa nossa identidade. Ela está na alma do caboclo.

Diego: Quais foram os principais impactos do conflito do Contestado para a região do meio oeste catarinense? Impactos sociais?

Vicente: Eu diria o seguinte, que a invasão de um território, as raízes que eram um paraíso, você acuado na toca, é o primeiro impacto, o mais violento e o mais agressivo. Esse, para mim, foi o primeiro impacto. E a partir disso, a guerra toma-se um encadeamento maior, sobretudo, momentaneamente positivos, e às vezes, negativos, mas eles, havendo de forma positiva ou negativa em todo o decorrer da guerra. Quais seriam eles? Da derrota, da esperança, quando vence uma batalha, não sabendo destino que vai dar aos seus filhos ou a sua família, a indignação de ver a exploração pelo poder econômico estrangeiro e brasileiro somados dentro do plano de corrupção, para tomar o espaço de todos. Tudo isso foi uma sequência de impactos, que não se pode ter em um ou em outro sem poder analisar em conjunto de todos eles.

Diego: E qual a importância do Contestado para a região meio oeste?

Vicente: A importância seria hoje a do resgate, porque é uma desimportância, ela foi uma guerra agressiva, fratricida entre irmãos, e tudo que ocorre assim, conflitos entre irmãos, se não serve para humanizar, não tem sentido de ser estimada. Mas para essa região, a importância é ser resgatada com dignidade, criando um sentimento em torno da história, e transformá-la em ímã de atração turística e sustentável.

sábado, 20 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Entrevista com Celso Martins


Celso Martins
Foto: Diego Wendhausen Passos

Celso Martins é jornalista e historiador, trabalhando atualmente no site Daqui na Rede

Data da entrevista: 08/08/2012

Diego: Habitantes da região há décadas, muitos dos moradores perderam as terras que ocupavam para a empresa que ficou responsável pela construção da estrada de ferro. Como se deu esse processo?

Celso: Não foi apenas a estrada de ferro que despejou os caboclos. Quando as terras começaram a ganhar valor para a colonização, a extração de madeira, começou o processo de expulsão dos caboclos das terras. Ela, até então, tinha valor de uso, os caboclos usavam, ficavam um tempo e migravam para outra. Quando ganha valor de mercado, é que se dá o conflito, o rompimento social que havia ali, rompendo o equilíbrio social que havia no sertão. Não foi apenas a ferrovia. Foi um ingrediente, porque houve o combate do Irani sem a presença da estrada de ferro, e sim por causa do problema da posse da terra.

Diego: Área disputada pelos estados do Paraná e de Santa Catarina desde o início da república, devido a exploração das riquezas da região, sendo o local de funcionamento da estrada de ferro, gerando os conflitos e lutas políticas e sociais. O que gerou esse conflito?

Celso: Foi exatamente o que fermentou a tensão, levando a ruptura, da ordem institucional, do próprio levante dos sertanejos, foi exatamente a posse da terra, a questão da terra. Eles foram preteridos em função de um processo “civilizador” da república, que em um primeiro momento passou as terras da união para a mão dos estados, isso já na proclamação da república, ou seja, na mão dos governos republicanos como moeda de negociação, de manutenção do poder político e de barganhas, e sem considerar a presença dessas populações, que não estavam no projeto republicano.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Entrevista com Paulo Roberto Hapner


Paulo Roberto Hapner
Foto: Bruno Arthur Hochheim

Paulo Roberto Hapner é Desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná

Data da entrevista: 02/08/2012

Diego: A religiosidade foi um ponto que caracterizou a região do meio-oeste catarinense, onde inúmeras pessoas perderam as concessões do território para a empresa responsável pela construção da estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul. Como os habitantes reagiram à perda das terras?

Paulo Roberto: Como eu havia falado, eu não sei se os habitantes, que perderam a terra, reagiram, ou se foram mais pessoas ou outros habitantes que perderam a terra, se a perderam. Essa região, quando foi feito o trajeto, a concessão é de 1888, ainda no período imperial, foi concedida a Teixeira Soares, dando a ele, para direito da construção da estrada, o direito para ele explorar e o domínio de 15 quilômetros para cada lado. Se existia alguém habitando, eu não sei como foram tratadas as pessoas que residiam ali, como foi tratado, se elas foram desalojadas da região, ou se houve acerto ou concedido a eles o direito de ocupação. O que eu posso dizer a você, é que nos litorais paranaense e catarinense, as pessoas que tinham posse, elas sempre foram respeitadas, mesmo para aqueles que possuíam as concessões. Neste caso, se essa concessão, essa empresa que construiu a estrada não respeitou, eu não tenho conhecimento se foi desta forma e se não respeitou as pessoas que moravam ali, ou se foram pessoas que ali moravam e trabalharam na estrada, passaram a residir nessa região. Eu não sei se eles foram os posseiros ou se eles foram desalojados, não tenho conhecimento específico sobre esse assunto.

Diego: Além das questões religiosas e sociais, acontecimentos políticos acirraram ainda mais o conflito na região, disputada entre Paraná e Santa Catarina, uma das guerras mais longas da história do Brasil. Quais foram as principais causas do conflito?

Paulo Roberto: Segundo o maior historiador do Brasil, que é Calmon, existia messianismo e banditismo. Nós estamos tentando discuti, 100 anos depois do conflito do Irani, quais foram as causas, tudo adaptado nessa questão de limites que existia entre o Paraná e Santa Catarina, e a falta de jurisdição sobre o território contestado. Muitas são as causas, a religiosidade, talvez, muitos falam que é a tentativa de volta a monarquia, a existência de ex-maragatos na região, federalistas, messianismo, tudo isso pode ter levado, tentando estabelecer qual a causa preponderante, uma coisa que vai levar alguns anos para se responder.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Entrevista com Esperidião Amin



Esperidião Amin
Foto: Diego Wendhausen Passos

Data da entrevista: 03/08/2012

Esperidião Amin é professor da Universidade Federal de Santa Catarina, ex-governador, e atualmente é Deputado Federal por Santa Catarina

Diego: A religiosidade foi um ponto que caracterizou a região do meio-oeste catarinense, onde inúmeras pessoas perderam as concessões do território para a empresa responsável pela construção da estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul. Como os habitantes reagiram à perda das terras?

Amin: Você imagine isso, começo do século XX, é lógico que não existia a escritura da propriedade. Tinham posseiros, saldo de várias migrações, Revolução Federalista, das reduções jesuíticas, ou seja, evadidos, para não dizer foragidos de vários conflitos do Brasil meridional, do sul da América do Sul. Essas pessoas estavam lá trabalhando, sobrevivendo, subsistindo, quando chegou o progresso, sob a forma, antes do trem, dos trilhos, a exploração da grande reserva de araucária. Era o pagamento do império e da união, porque a negociação foi feita no período imperial, e o pioneiro dessa parceria público privada, o Percival Fraquhar, e eles reagiram fugindo, juntando-se, e reagiram, resistindo. É uma história muito complexa, que mistura natureza, ecologia, movimento social, capitalismo, resistência pessoal, redes sociais, na época, e, qual era o amálgama, o catalisador para esse povo, o é que a religiosidade? Em todos os lugares do mundo, os oprimidos se apegam a alguém, a algo maior que eles. Nisso, a religiosidade e suas várias manifestações, que por serem estranhas a nós, passam a ser confundidas com fanatismo, mitologia, nomes que são atribuídos a religiosidade do povo do contestado.

Diego: Além das questões religiosas e sociais, acontecimentos políticos acirraram ainda mais o conflito na região, disputada entre Paraná e Santa Catarina, uma das guerras mais longas da história do Brasil. Quais foram as principais causas do conflito?

Amin: Dinheiro. Do pinheiro, da erva mate. A região era rica para o extrativismo, e que ainda hoje se pratica no Brasil. O que ficou lá? O IDH mais baixo do estado. Assim como no país, que exporta ferro, ainda hoje, já exportou ouro, pau-brasil e outras riquezas. Nas regiões onde se extrai recursos naturais, o que fica? Pobreza e natureza degradada. Vai até a bacia carbonífera. Ou seja, a história se repete, e apenas passou pelo contestado.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Parte 3: Historiografia

Disputas territoriais, batalhas judiciais, construção da estrada de ferro, fatores políticos e econômicos, além da expulsão dos habitantes das terras que viviam no local há anos e as batalhas entre sertanejos contra tropas oficiais do governo do Paraná estão entre algumas das causas da Guerra do Contestado.

As grandes causas foram políticas e sociais, e não apenas a estrada de ferro, ou o “grande dragão que cuspia fogo”, trecho citado no livro Geração do Deserto, de Guido Wilmar Sassi. Os fatores relacionados acima, cada um deles, ajudaram a culminar com o desencadeamento do conflito, que durou quatro anos. O nome entrou para a história por ter ocorrido na região contestada pelos governos paranaense e catarinense, e a ocupação do Irani, em 1912, pelos sertanejos, liderados por José Maria, foi o estopim para João Gualberto Gomes de Sá Filho, pretendente ao governo do Paraná, investir contra o grupo do monge, ocasionando a morte de ambos no primeiro combate.

Qual foi a grande causa do problema? De acordo com o jornalista e historiador Celso Martins, a estrada de ferro foi utilizada como bode expiatório, mas na verdade ela foi construída dentro da área que estava sendo disputada pelos dois estados, além da expulsão dos habitantes do local.

A história contada hoje pode ser outra contada daqui a anos. Ela vai se modificando conforme os paradigmas ou pesquisas e estudos feitos ao longo dos anos, textos e documentos que vão sendo analisados e publicados. Existem várias formas de se passar, repassar, escrever ou reescrever o que aconteceu.

A Guerra do Contestado não foge a regra. O que falamos hoje, poderá ser visto de outra forma no futuro.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Parte 2: Os três profetas

A religiosidade também se fez presente na região, tendo três deles obtido destaque. João Maria de Agostinho, João Maria de Jesus e José Maria eram líderes religiosos que faziam profecias e possuíam muita popularidade pela população do local na época.

Os três faziam previsões e eram seguidos pelos habitantes das localidades próximas. Nascido no Piemonte, região da Itália, foi o primeiro dos monges a passar pela região, não era bem visto pelas autoridades governamentais, por unir várias pessoas. A presença dele foi seguida por alguns movimentos sociais que sucederam no final do Século XIX, como Canudos, na Bahia, Juazeiro, no Ceará e o dos Muckers, no Rio Grande do Sul.

Com algumas características semelhantes ao do profeta anterior, João Maria de Jesus, que chamava-se Atanás Marcaf, de origem francesa, fez algumas profecias, como o fim do mundo, doenças e epidemias, e possuía posições políticas favoráveis a monarquia, vendo a república como ordem do demônio. Desapareceu por volta de 1908.

O último deles, foi José Maria, que se chamava Miguel Lucena de Boaventura. Ex-soldado da Força Policial do Paraná, era curandeiro, fazia batizados, dirigia terços e participava de festas religiosas. Por curar a esposa de Henrique de Almeida, um dos líderes políticos de Curitibanos, ganhou apoio também de um dos representantes do município. Foi morto no combate do Irani, que desencadeou o início do conflito.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Parte 1: Contexto Histórico

Um dos maiores conflitos na história do Brasil, conhecido como Guerra do Contestado, está completando 100 anos, causadas por uma disputa territorial entre Santa Catarina e Paraná, expulsão de moradores que habitavam a localidade e a concessão ao empresário britânico Percival Farquhar, responsável pela construção da estrada de ferro que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul, dando direito a empresa Brasil Railway Company de explorar 15 quilômetros para oeste e leste, desmatando a comprometendo a vegetação do local.

Desmembrado do estado de São Paulo em 1853, o Paraná passou a fazer divisa com Santa Catarina, ficando indefinidas na região meio-oeste catarinense, gerando um conflito diplomático entre os dois estados com a proclamação da república, em 1889. Desembargador do Tribunal de Justiça Paranaense, Paulo Roberto Hapner citou que as terras foram concedidas a Teixeira Soares em 1888, durante o período imperial.

Com a mudança do sistema político, a posse dos territórios passou a ser por escritura pública, diferente do período monárquico. Com isso, as terras seriam registradas através de posse, conforme documento oficial. De acordo com o ex-governador Esperidião Amin, os interesses financeiros prevaleceram, dando ao empresário inglês o direito de explorar os recursos naturais da região. Amin disse que a situação foi parecida com outros locais destinados a exploração, que geraram problemas sociais e natureza degradada.

As tensões políticas entre Paraná e Santa Catarina pela posse do território e os recursos naturais foram duas das causas para iniciar o conflito, iniciado em 1912. O jornalista e historiador Celso Martins destaca o momento da valorização das terras como o começo do processo de expulsão dos caboclos do local, rompendo o equilíbrio social que havia até então. O combate do Irani, envolvendo os sertanejos e as tropas lideradas por João Gualberto Gomes de Sá Filho, que visava tornar-se governador paranaense, atacou os caboclos, liderados por José Maria, tirando a vida de ambos no combate.

Muitos habitantes da região viam o sistema republicano como o responsável pela perda das terras, defendendo o retorno do modelo monárquico, acreditando ser justo e igualitário, como defendia o monge José Maria. Durante os quatro anos de conflito, muitos trabalhadores da construção da estrada de ferro e das empresas que exploraram a extração de madeiras, ficaram desempregados, juntando-se aos sertanejos na luta contra as tropas do governo.

Foi na guerra do contestado que o avião foi utilizado pela primeira vez em um conflito. Depois de algumas derrotas para os sertanejos, o governo federal enviou tropas do Rio de Janeiro, capital brasileira na época, lideradas por Setembrino de Carvalho, o mesmo que destruiu o movimento em Canudos, 19 anos antes, para reprimir os sertanejos no meio-oeste catarinense.


Área contestada por Santa Catarina
Imagem: Retirada do site VidaDmaquinista (História da Ferrovia do Contestado)


Embora derrotado no combate, as regiões oeste e meio-oeste, pleiteadas pelos paranaenses, ficou com Santa Catarina. Mesmo falecido em 1907, a defesa de Manoel da Silva Mafra, conhecido como Conselheiro Mafra, garantiu aos catarinenses a parte oeste do atual território do estado.

Parte contestada pelo Paraná
Imagem: Retirada do site Historie du Brésil