sábado, 12 de dezembro de 2009

Entrevista com Ana Carla Pimenta

A jornalista fala do Trabalho de Conclusão de Curso sobre o tema e do interesse em transformar o projeto em documentário

Ana Carla Pimenta
Foto: Diego Wendhausen Passos

Data da entrevista: 14/10/2009

Diego: Como surgiu a ideia de fazer o seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre a Novembrada?

Ana Carla: Eu precisava definir um tema para produzir o trabalho e tinha interesse por história. Defini que seria sobre a história de Florianópolis, achei que poderia ser rico. Eu vivo nessa cidade há 13 anos e acreditei que através dessa pesquisa eu poderia conhecer mais um pouco da cidade, da história da cidade. E, durante alguns meses, o recorte foi feito sobre episódios que eu pudesse estar trazendo à tona, estar revelando no documentário. E aí surgiu a Novembrada, que agora, em 2009, está fazendo 30 anos, e seria uma grande oportunidade de estar resgatando um pouco desse episódio, dessa história em vídeo. Já que é o primeiro trabalho documentário em vídeo. Nós temos o do cineasta Eduardo Paredes, um curta-metragem, baseado na história, mas é uma ficção, e, com isso, observei que seria uma grande oportunidade.

Diego: Foi fácil encontrar, ou tinha poucos materiais, sobre o tema?

Ana Carla: Isso foi outra expectativa que me surpreendeu. Sempre que eu falava desse projeto, as pessoas diziam que teria muito material. Eu demorei um ano e meio para realizar as pesquisas, desenvolvi o projeto durante um ano e meio e foram poucos os materiais. Encontrei quatro projetos de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) da UFSC e um na UDESC, e três livros publicados sobre o tema. Então, foi bem pouco material, acreditei que tivesse bem mais história, já que tantas pessoas falam desse episódio, encontram-se, identificam-se com esse episódio da cidade.

Diego: E com os envolvidos na prisão, no caso, Marize, Lelê, Mosquito, Geraldo, Newton, Lígia e Adolfo, você conseguiu contato com todos eles?

Ana Carla: Dos sete estudantes presos, o Adolfo, que era na época o presidente do DCE (Diretório Central dos Estudantes), da UFSC, faleceu em 1999. Então, eu fiz contato com a família dele, fiz contato com a Rosângela e com todos eles, mas eu gravei depoimentos da Rosângela, da Marize, do Amilton Alexandre, que é o Mosquito, e do Geraldo. A Lígia eu não consegui gravar porque ela estava no exterior. Gravei com a família do Adolfo. E o Newton, ele não quis registrar o depoimento. Com exceção dele, todos foram muito receptivos à ideia de gravar depoimentos.

Diego: Você conseguiu muitas fontes através dos jornais da época?

Ana Carla: Eu tive a sorte e a felicidade de contar com a generosidade das pessoas, que me doaram muito dos seus acervos pessoais. Consegui muitos materiais de jornais e de revistas nacionais, como as revistas Manchete, Veja, Isto É, da época, e do jornal Folha de São Paulo. Então, temos muitos veículos, que aqui na cidade, nós não temos. Nós temos acervos aqui na cidade mais de jornais da cidade, da imprensa local, da imprensa regional. Mas esse material nacional enriqueceu ainda mais a pesquisa, foi bem interessante, ver o olhar local, mas, acima de tudo, o olhar de fora sobre o episódio. Também, eu acredito que enriqueceu bastante.

Diego: Quais são os seus projetos futuros, com relação ao trabalho?

Ana Carla: Eu gravei 31 entrevistas. Dessas, utilizei 15 para fazer a versão compacta para o meu Trabalho de Conclusão de Curso, em uma versão de 20 minutos. Eu agora estou atrás de apoio, para dar continuidade a esse projeto. Então, a ideia é fazer um documentário maior, em torno de 55 minutos a uma hora, e disponibilizar em DVD, para estar colocando diversos arquivos, de jornais, fotos da época, para concentrar essa pesquisa. Eu recebi muito material, e são materiais que você não encontra nas bibliotecas públicas da cidade. Então, gostaria que esse material fosse disponibilizado porque não é meu, ele pertence à história da cidade e disponibilizá-lo.

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