sábado, 5 de dezembro de 2009

Entrevista com Lígia Giovanella

Lígia lembra do trabalho como vice-líder estudantil e analisa a questão da censura há 30 anos e na atualidade

Lígia Giovanella
Foto: Diego Wendhausen Passos

Data da entrevista: 23/11/2009

Diego: Qual era a sua função na época da Novembrada?

Lígia: Eu era vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes, da Universidade Federal de Santa Catarina.

Diego: Qual foi a sua participação na organização do evento da Novembrada?

Lígia: Eu participei junto com os outros membros da direção estudantil e de toda a organização, desde escrever a carta aberta, fazer as faixas, ir à praça, manifestar.

Diego: Atualmente, passados 30 anos da Novembrada, tivemos retorno da democracia, de eleições diretas, só que ainda, muita coisa, muitos problemas ainda ocorrem, por questão de censura, monitoramento da mídia, casos de censuras contra blogs, em alguns casos, processos. Um caso emblemático é o próprio, que teve problemas sérios com a senadora Ideli Salvatti e o deputado Edison Andrino, em que ambos pediram o fechamento do blog. Como você tem visto as mudanças em torno das liberdades democráticas, atualmente?

Lígia: Comparando os anos de 1970, com os anos 2000, temos diferenças enormes. Ainda que a liberdade não seja completa, temos grandes veículos de comunicação que comandam a mídia no país, e ditam a verdade, nós temos liberdade de imprensa, comparativamente com essa época dos anos 1970, em que os veículos eram censurados e tínhamos censura prévia, as músicas e os filmes eram censurados. Você não tinha liberdade de organização, só tinham dois partidos, definidos pela ditadura. É uma diferença enorme, e, como eu disse, a democracia deve ser construída cotidianamente, pela organização social, e não deve ser apenas em termos de direitos políticos. Uma democracia substantiva, significa na construção de direitos sociais. Então, a luta por maior justiça social, por reduzir as desigualdades no país, é uma luta fundamental para a construção de uma democracia. Reduzir as desigualdades significa redistribuir a renda, significa ter uma política econômica que seja de fato diferente, caminhando na direção de um desenvolvimento econômico e ambiental sustentado, redistribuindo a riqueza produzida, isso que é a reconstrução da democracia substantiva, que vai além dos direitos políticos.

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