terça-feira, 5 de outubro de 2010

Os 20 anos da reunificação alemã: material produzido no Folha da Tarde

Material produzido pelo livro História Ilustrada do Século 20, do Folha da Tarde, falando sobre a queda do Muro de Berlim e da reunificação da Alemanha

História Ilustrada do Século 20
Folha da Tarde
1989-1990

1989
Página 578
Foto: Diego Wendhausen Passos
Acervo: História Ilustrada do Século 20

Alemanha Oriental derruba o Muro

10 de novembro. O Muro de Berlim, maior símbolo da opressão comunista desde sua criação há 28 anos, foi ao chão nesta noite. Na badalada da meia-noite, o governo da Alemanha Oriental abriu suas fronteiras, e o Muro - duas barreiras de concreto de 2m40 de altura que dividem Berlim - foi transformado em antiguidade da Guerra Fria, agora relegada aos registros históricos.

Milhares de alemães-orientais atravessaram a fronteira, ansiosos por experimentar a liberdade e ver como vive a próspera metade ocidental da cidade. Outros passaram horas dançando em cima do muro. Outros ainda descarregaram anos de raiva com marretas; alguns levaram pedaços para vender como suvenir. Outros ainda apenas ficaram no local e choraram, talvez em memória das 75 pessoas que foram mortas tentando atravessá-lo.

Alemães-ocidentais acolheram seus compatriotas com alegria. O chanceler Helmut Kohl discursou diante do Paço Municipal de Berlim. "Estamos a seu lado, somos e permaneceremos uma única nação. Pertencemos à mesma pátria", disse. Para muitos, porém, a alegria foi contida pela preocupação com a capacidade de lidar com a enxurrada de refugiados - 225 mil da Alemanha Oriental e 300 mil da URSS e da Polônia só neste ano. O prefeito de Berlim Ocidental fez um apelo aos que pensam ir para o Ocidente: "Por favor, deixem para amanhã, depois de amanhã. Estamos tendo problemas com isso".

De fato, só 1.500 dos vários milhares que visitaram Berlim Ocidental anunciaram a intenção de ficar. Quem voltar ao Leste encontrará seu país em meio a mudanças radicais. Autoridades alemãs-orientais anunciaram planos de realizar eleições livres e implantar novas leis sobre liberdade de associação e de imprensa. Na semana passada, o Politburo, de 21 membros, foi substituído.

Há apenas nova meses o dirigente alemão-oriental, Erich Honeker, profetizou que o muro ficaria de pé por mais cem anos. Analistas ocidentais concordaram que eram pequenas as chances de seu país ser sacudido pelas mudanças que abalam o Leste europeu.

O governo Honeker, porém, foi deposto em 18 de outubro por fortes protestos e pelo êxodo ao Ocidente, que chegou a 300 pessoas por hora na semana passada. A carência de mão-de-obra aumentou tanto que o governo se viu obrigado a usar soldados para operar trens e ônibus. O novo regime de Egon Krenz admitiu que só medidas radicais poderiam persuadir seus cidadãos a não fugir do país. Com a bênção do líder soviético Mikhail Gorbatchov, Krenz extinguiu todas as restrições à migração e às viagens ao Ocidente.

1990
Página 591
Foto: Diego Wendhausen Passos
Acervo: História Ilustrada do Século 20

Alemanha é reunificada após 45 anos

3 de outubro. A Alemanha é uma só nação novamente. A divisão entre Oriente e Ocidente não existe mais. Seu renascimento se deu na badalada da meia-noite, acompanhado por um repique do Sino da Liberdade, no Paço Municipal de Berlim. Na virada do relógio, um grito de euforia veio dos milhares de pessoas que, chorando, se abraçavam e agitavam um mar de bandeiras com as cores nacionais - preto, vermelho e amarelo. A Alemanha, dividida há 45 anos com o fim da 2ª Guerra Mundial, conquista independência definitiva.

Mesmo com fogos de artifício iluminando o céu de Berlim, as pessoas demoraram a perceber que há apenas 11 meses o odiado Muro começara a ruir e os soviéticos afrouxavam sua mão de ferro ma Alemanha Oriental. Muitos estão conscientes de que o futuro reserva enormes dificuldades, mas isso é para amanhã. Hoje a noite é só festa.

Batizada de República Federal da Alemanha como a antiga Alemanha Ocidental, a nação reunificada tem uma população de 78,5 milhões de pessoas. Constituição, governo, moeda, bandeira e hino nacional são os que até hoje eram da Alemanha Ocidental. O governo passa a ser encabeçado pelo chanceler alemão-ocidental Helmut Kohl. A economia da nova Alemanha agora terá de se adaptar à dura realidade de absorver a economia da Alemanha Oriental, que se encontra em situação calamitosa há anos. Políticos e economistas já advertem os abastados alemães-orientais das conseqüências da unificação.

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