terça-feira, 23 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Entrevista com Gilead Mauricio


Gilead Mauricio
Foto: Diego Wendhausen Passos

Gilead Mauricio é formado em Administração, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e em Jornalismo pela Faculdade Estácio de Sá, de Santa Catarina. Atua como trabalhador autônomo.

Data da entrevista: 15/08/2012

Diego: Como surgiu a ideia de realizar o trabalho sobre a Guerra do Contestado?

Gilead: Durante a faculdade de Jornalismo, eu tinha a ideia de fazer o trabalho sobre o Contestado, realizando um mapeamento, por que eu gostava muito do tema, achava interessante, mas da mesma forma lia sobre o assunto, não entendia onde foi o evento, em que lugar aconteceu, como são aqueles lugares atualmente. Eu tentava analisar, mas ficava meio distante, não dava para ligar com a realidade, queria fazer um mapeamento, ver como é hoje, como estão esses locais, se há descendentes dos caboclos. Buscava pesquisar isso, eu não encontrava nos livros. As publicações que pesquisei eram boas, muitas delas interessantes, mas não conseguiam situar o leitor dentro do evento guerra do Contestado. Vou fazer sobre isso, escrever um livro, e o Trabalho de Conclusão de Curso foi o primeiro passo. Faço ele como trampolim para depois fazer o livro.

Diego: Quais foram as principais dificuldades para a realização do trabalho?

Gilead: A primeira, a distância. Daqui até Caçador são 400 quilômetros. Tem que se ausentar daqui para ir até a região. Segundo, é encontrar os locais onde houveram os conflitos, diferente de Canudos, por exemplo, ocorrida em um lugar, a guerra do Contestado teve diversos palcos. Você vai encontrar em um raio de 100 quilômetros, de Caçador, você vai passar por vários lugares onde houveram confrontos, visando situar esses lugares, esquecidos hoje. Tinha que procurar um historiador que conheceu aquela região, para saber onde ficavam os antigos redutos. Isso é difícil de encontrar, e aproveitei para fazer um mapeamento e no meu livro falo onde ficam esses lugares, para facilitar o leitor, por que não sabia onde eram. Precisei ler bastante, conversar com muitos historiadores, que sabiam onde ficava o lugar, mas também há vários que não sabem onde fica. Eles escreveram, mas não sabem onde se situa, onde ficam aqueles locais. É difícil encontrar aqueles locais. Em lugares como Timbó Grande, por exemplo, é muito difícil de chegar, mais complicado de encontrar.

Diego: Em relação as fontes de pesquisa, o material é fácil de encontrar ou a quantidade é pequena?

Gilead: O material é fácil. As primeiras fontes de pesquisa foram os livros, publicados hoje. Alguns deles não tem mais a venda, por isso necessitei procurar, fazer uma cópia, porque você não encontra. Alguns deles são impossíveis, livros raros e você não encontra. Os primeiros escritos dos militares, no início do século passado, depois da guerra, muitos não existem mais. Se você consegue um exemplar desses, é o único jeito é fazer uma cópia. Os livros, muitos estão acessíveis. Outros mais difíceis tem que correr atrás, mas se o pesquisador quiser saber mais, tem os museus. Se a pessoa chegar hoje, no museu do Contestado, é bem atendido. Outra fonte são os historiadores. Do tema, que pesquisam sobre o conflito. Todos eles são acessíveis. Acho que o historiador do evento quer passar a ideia, que as pessoas entendam e eles querem vender a ideia do Contestado. Eles não se furtam a dar a informação, furtam a sentar com você uma ou duas horas para falar sobre o assunto para explicar, e, percebendo que você está fazendo um trabalho sério, eles vão sentar contigo. Todos eles foram muito solícitos.

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