segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Parte 1: Contexto Histórico

Um dos maiores conflitos na história do Brasil, conhecido como Guerra do Contestado, está completando 100 anos, causadas por uma disputa territorial entre Santa Catarina e Paraná, expulsão de moradores que habitavam a localidade e a concessão ao empresário britânico Percival Farquhar, responsável pela construção da estrada de ferro que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul, dando direito a empresa Brasil Railway Company de explorar 15 quilômetros para oeste e leste, desmatando a comprometendo a vegetação do local.

Desmembrado do estado de São Paulo em 1853, o Paraná passou a fazer divisa com Santa Catarina, ficando indefinidas na região meio-oeste catarinense, gerando um conflito diplomático entre os dois estados com a proclamação da república, em 1889. Desembargador do Tribunal de Justiça Paranaense, Paulo Roberto Hapner citou que as terras foram concedidas a Teixeira Soares em 1888, durante o período imperial.

Com a mudança do sistema político, a posse dos territórios passou a ser por escritura pública, diferente do período monárquico. Com isso, as terras seriam registradas através de posse, conforme documento oficial. De acordo com o ex-governador Esperidião Amin, os interesses financeiros prevaleceram, dando ao empresário inglês o direito de explorar os recursos naturais da região. Amin disse que a situação foi parecida com outros locais destinados a exploração, que geraram problemas sociais e natureza degradada.

As tensões políticas entre Paraná e Santa Catarina pela posse do território e os recursos naturais foram duas das causas para iniciar o conflito, iniciado em 1912. O jornalista e historiador Celso Martins destaca o momento da valorização das terras como o começo do processo de expulsão dos caboclos do local, rompendo o equilíbrio social que havia até então. O combate do Irani, envolvendo os sertanejos e as tropas lideradas por João Gualberto Gomes de Sá Filho, que visava tornar-se governador paranaense, atacou os caboclos, liderados por José Maria, tirando a vida de ambos no combate.

Muitos habitantes da região viam o sistema republicano como o responsável pela perda das terras, defendendo o retorno do modelo monárquico, acreditando ser justo e igualitário, como defendia o monge José Maria. Durante os quatro anos de conflito, muitos trabalhadores da construção da estrada de ferro e das empresas que exploraram a extração de madeiras, ficaram desempregados, juntando-se aos sertanejos na luta contra as tropas do governo.

Foi na guerra do contestado que o avião foi utilizado pela primeira vez em um conflito. Depois de algumas derrotas para os sertanejos, o governo federal enviou tropas do Rio de Janeiro, capital brasileira na época, lideradas por Setembrino de Carvalho, o mesmo que destruiu o movimento em Canudos, 19 anos antes, para reprimir os sertanejos no meio-oeste catarinense.


Área contestada por Santa Catarina
Imagem: Retirada do site VidaDmaquinista (História da Ferrovia do Contestado)


Embora derrotado no combate, as regiões oeste e meio-oeste, pleiteadas pelos paranaenses, ficou com Santa Catarina. Mesmo falecido em 1907, a defesa de Manoel da Silva Mafra, conhecido como Conselheiro Mafra, garantiu aos catarinenses a parte oeste do atual território do estado.

Parte contestada pelo Paraná
Imagem: Retirada do site Historie du Brésil

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