segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Entrevista com Dario de Almeida Prado Junior


Dario Prado Junior e Sérgio Rubim (Canga)
Foto: Diego Wendhausen Passos

Dario de Almeida Prado Junior é jornalista e fotógrafo. Trabalhou nas revistas Veja, Visão, Jornal O Estado, Jornal da Bahia, foi colaborador do Jornal Afinal. Atualmente atua como fotógrafo e taxista.

Data da entrevista: 08/08/2012

Diego: Como surgiu a ideia de produzir um material sobre a guerra do Contestado?

Dario: Em 1984, no governo de Esperidião Amin, o Sérgio Rubim (Canga), o Jurandir Pires de Camargo, e eu, Dario de Almeida Prado Junior, apresentamos um projeto para o governador, para fazer um documentário sobre a guerra do Contestado. A ideia era viajar pelo estado, buscar os remanescentes do conflito e registrar entrevistas com eles, que nós fizemos no período de 1984 e 1985. No final do ano de 1985, nós tínhamos rodado 30 mil quilômetros, encontrado alguns sobreviventes, e com eles realizamos as gravações propostas, e lançamos um documentário de 56 minutos de duração, chamado de Contestado: a guerra desconhecida. O título deve-se ao fato de que se tratava de um conflito acontecido no Brasil, praticamente na região hoje compreendida pelo estado de Santa Catarina, e que tem uma importância muito grande na história brasileira.

Diego: Pegando o final do período militar, e já o período pós-ditadura, ainda pegando o período de censura, de transição do período de repressão para abertura política, vocês chegaram a enfrentar alguma dificuldade para publicação dos materiais?

Dario: Na publicação não, mas quando fizemos em 1984 e 1985, ainda era ditadura, no governo do general João Baptista Figueiredo, aquele que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro do povo, e nós não podemos, não pensamos e nem conseguimos nenhum contato para fazer uma pesquisa nos arquivos do exército, por exemplo. Essa dificuldade houve. Para veiculação do material, não. Nós participamos inclusive de uma mostra de filmes que se abordavam a questão da posse da terra no Brasil, em um evento promovido pela Unicamp, e acabamos ganhando um prêmio especial do júri, pelo nosso trabalho, eles ficaram com uma cópia nos arquivos da universidade, e foi muito positivo para nós.

Diego: E com relação aos materiais, teve bastantes dificuldades ou na época o material era vasto, de fácil pesquisa?

Dario: Não era de fato pesquisa. Viajamos muito e encontramos muita gente que não quis falar, sentiram-se intimidadas, passados 60 anos do conflito, por terem sido os perdedores, na sua maioria. Nós entrevistamos apenas os soldados, os outros foram revoltosos, ou ligados ao grupo, e como eles eram os perdedores, são vistos como os monstros da guerra, então eles se sentiam intimidados em fazer entrevista, mas muitos foram mais generosos, compreensivos e nós conseguimos produzir o vídeo.

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