terça-feira, 30 de novembro de 2010

O presidente decidiu resolver no braço

O episódio está fazendo 31 anos, na famosa Novembrada. Protestos contra a crise política, social e econômica da famigerada ditadura militar. Inflação, aumento nos custos e falta de apoio à população culminaram no clima de hostilidades ocorridos no 30 de novembro.

A festa promovida pelos governistas, a placa em homenagem ao tirano Floriano Peixoto, que por pressão nomeou a antiga Nossa Senhora do Desterro para “Cidade de Floriano”, nossa capital Florianópolis, além de ter dizimado a vida de centenas de catarinenses no Massacre do Anhatomirim, no fim do século XIX.

Para homenagear o “marechal de ferro”, o governo estadual colocou uma placa em memória ao militar que ceifou dezenas de catarinenses. As medidas tomadas nos dias anteriores serviram para esquentar os ânimos da população, insatisfeita com as dificuldades enfrentadas muito em virtude do sombrio sistema que havia sido imposto 15 anos antes.

Uma cidade então pouco conhecida no cenário nacional estava pronta para receber a visita do último presidente militar, da abertura lenta e gradual promovida anos antes. Um homem mal hurado, antipático e turrão estava a caminho do Palácio do Governo, atual Museu Cruz e Souza, para as solenidades que anunciavam a vinda da Sidersul, que seria instalada em Imbituba, além das festividades de 90 anos da Proclamação (golpe) Republicana.

O esquema de segurança estava formado, os manifestantes fazendo suas reivindicações, mas os gritos começaram a abafar o discurso do então governador foi o ponta pé inicial para toda a confusão. Irritado com a “balbúrdia”, o general Figueiredo foi a sacada e fez dois gestos, um acusando de “pequenos” os opositores, e mandando o time do contra às favas, provocando a ira dos protestantes.

A partir daí, só confusão. Ao ouvir insultos contra sua progenitora, Figueiredo desceu as escadarias da casa rosada para resolver no tapa a situação, partindo para a ignorância. Uma confusão generalizada, briga de rua, entre cidadãos comuns e integrantes governistas marcaram a vida de Florianópolis, quase provocando uma tragédia.

Na busca dos “responsáveis” pelo ato, sete estudantes foram presos e processados pela antiga Lei de Segurança Nacional. Com o apoio da população, Adolfo Luiz Dias, Lígia Giovanella, Rosângela de Souza (Lelê), Marize Lippel, Geraldo Barbosa, Amilton Alexandre (Mosquito) e Newton Dias Vasconcelos foram absolvidos em fevereiro de 1981.

Dos sete, apenas Adolfo é falecido. Com exceção de Newton Vasconcellos, os jovens idelistas “culpados” pela situação continuam envolvidos na luta por uma sociedade mais justa. Mosquito é o mais conhecido, devido ao polêmico Tijoladas e seus excessos verbais contra os desafetos e ex-amigos. Geraldo e Lelê continuam nos movimentos sociais, Lígia optou pelos estudos acadêmicos e Marize trabalha na área de saúde.

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