sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Entrevista com Sérgio Luiz Ferreira

Sérgio Luiz Ferreira
Foto: Diego Wendhausen Passos

Data da entrevista: 16/07/2010


Diego: Durante mais de 20 anos, os brasileiros não tiveram direito de eleger o Presidente da República, devido ao Regime Militar. Porém, nos últimos anos, muitos eleitores, decepcionados com os rumos tomados pelo sistema político, perderam o ânimo de participar do processo eletivo. Você acha que o voto deveria se tornar optativo?

Sergio: Sim, porque eu acho que eleição deve participar quem está envolvido e interessado. Eu, por exemplo, adoro votar, e qualquer eleição que tiver, podendo votar, voto. Acho muito importante ajudar a decidir, pois quando eu deixo de votar, delego aos outros a possibilidade de escolherem por mim, é por isso que sou contra. Nunca votei nulo, porque o voto nulo faz isso, e tanto o voto nulo quanto o voto branco, ele deixa que os outros decidam por si, então, procuro sempre participar da decisão.

Diego: Quais as mudanças que você gostaria de ver no sistema eleitoral?

Sergio: O sistema eleitoral tem muita coisa que precisa ser mudada. Uma coisa que todo mundo fica falando e divulgando, é a questão da fidelidade partidária. Na prática, o que a fidelidade partidária fez no Brasil? Fortaleceu os caciques, porque se eu me elejo por um partido, e depois de um tempo eu resolvo mudar, não posso, pois vou perder o mandato, e muita gente perdeu. O que aconteceu? Os caciques das siglas ficaram mais fortalecidos com isso, então, se antes o sujeito tinha que negociar, prefeito, governador ou presidente tinha que negociar, um a um, nesse fisiologismo que nós conhecemos no Brasil, agora basta negociar com líderes do partido, que mandam pela turma toda. Então, a fidelidade partidária é o reforço do coronelismo. O chefe partidário passou a ter ainda mais força. Tem que ter fidelidade partidária? Com os partidos que nós temos? O dia em que nós tivermos agremiações mais consistentes, tudo bem, mas enquanto for essa bagunça, partidos sem ideologia, a fidelidade partidária só fortalece o cacique.

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