domingo, 11 de maio de 2014

Especial Ayrton Senna: Parte 4

A consagração e o sonho interrompido

Diferente da Lotus, a McLaren possuía uma estrutura mais forte e tinha condições de oferecer a Senna um equipamento capaz de disputar o título mundial. Mas o brasileiro teve ao seu lado, o francês Alain Prost, que tinha dois títulos. Sem concorrência de outras escuderias, ambos largaram na frente em 15 das 16 corridas e também ganharam 15 vezes, perdendo apenas na Itália, quando Senna bateu com o francês Jean-Louis Schlesser, que substituiu Nigel Mansell na Williams. A equipe de Grove perdeu os motores Honda e utilizou os propulsores da Judd, e Nelson Piquet, campeão um ano antes, levou o número 1 para a Lotus, mas ambos não tiveram uma boa temporada. Piquet ficou em 6º lugar, enquanto Mansell completou apenas duas corridas, sendo 2º colocado na Inglaterra e na Espanha. Gerhard Berger, correndo na Ferrari, foi pole na Inglaterra e venceu na Itália, fazendo dobradinha com Michele Alboreto, que deixou a escuderia de Maranello no final de 1988, e o belga Thierry Boutsen, 4º colocado, obtiveram algum destaque na disputa polarizada entre os carros de Woking. Senna, mesmo somando menos pontos que Prost no total, contou com os descartes para conquistar a taça no Japão, recuperando-se de problemas na largada para vencer em solo nipônico, penúltima etapa do certame.

Para 1989, começou de vez a maior rivalidade já vista na Fórmula 1. Após um acordo, Senna passou Prost logo após a largada, em San Marino, gerando diversas desavenças entre ambos ao longo da temporada. Com quatro vitórias, contra seis de Ayrton, o francês garantiu o título no Japão, após uma polêmica batida entre ambos nas voltas finais. Prost abandonou a corrida, enquanto o brasileiro ainda conseguiu ultrapassar a Benetton de Alessandro Nannini e cruzar a linha de chegada na frente, mas foi desclassificado, pois o regulamento não permitia cortar a última chicane.

Com a transferência de Alain Prost para a Ferrari, Gerhard Berger passou a ser companheiro de equipe de Senna, tornando-se um dos maiores amigos do brasileiro fora das pistas. Com uma campanha mais regular, Ayrton venceu a disputa, novamente contra o francês, e em mais uma decisão polêmica. Desta vez, o piloto da McLaren atingiu a Ferrari na primeira curva, tirando ambos da corrida. Com seis vitórias, e 78 pontos, o brasileiro garantiu o título pela segunda vez.

Em 1991, a Williams, equipada com os motores Renault, passou a ter o melhor carro. Enquanto os carros de Frank Williams enfrentavam problemas nas primeiras etapas, Ayrton Senna aproveitou para ganhar as quatro primeiras corridas do ano, garantindo a vantagem que ajudou a ganhar o campeonato no fim da temporada. Contando com um inspirado Nigel Mansell e com atuações sólidas do italiano Riccardo Patrese, o time de Grove iniciou uma grande reação antes da metade da disputa, dando muito trabalho para o brasileiro, que passou a administrar a diferença construída no início. Novamente o título veio no Japão, após um erro do britânico no início da corrida, vencida pelo companheiro de Senna, ao austríaco Berger. Nelson Piquet, correndo pela Benetton, deixou a Fórmula 1 naquele ano, vencendo no Canadá, após Mansell parar na volta final, e Prost deixou a Ferrari após inúmeras divergências com a cúpula italiana. Também estrearam na categoria, dois futuros campeões: Mika Hakkinen, pela Lotus, e Michael Schumacher, pela Jordan. Schumacher, na Itália, foi para o lugar de Roberto Moreno, na Benetton, e competiu ao lado de Piquet as últimas cinco corridas, mostrando bons desempenhos.

A supremacia da Williams demonstrada um ano antes, tornou-se domínio em 1992. Senna ainda fez uma pole no Canadá, enquanto Berger venceu a corrida. Com um carro contando com suspensão ativa e dispositivos eletrônicos bem entrosados com o carro, Mansell venceu facilmente o campeonato. Em Mônaco, aproveitando-se de um problema com Nigel, Senna segurou a pressão do inglês nas voltas finais, vencendo no principado. O brasileiro ainda venceu na Hungria e na Itália, enquanto Michael Schumacher superou os carros de Grove na Bélgica, vencendo a primeira na Fórmula 1. Os carros de Frank Williams passaram a ser bem disputados, e Alain Prost acertou para 1993, vetando a participação do brasileiro no time, buscando evitar novos atritos internos. A McLaren conseguiu manter Senna, mas perdeu Gerhard Berger, que foi correr ao lado de Jean Alesi na Ferrari.

Correndo boa parte do ano ao lado de Michael Andretti e as três últimas corridas tendo Mika Hakkinen em seu último ano pela escuderia comandada por Ron Dennis, Senna deu um show de pilotagem ao longo da temporada. As cinco vitórias no campeonato, e o 2º lugar entre os pilotos, chegando a liderar no começo do ano, credenciaram ao brasileiro um lugar na Williams, lugar que almejava desde 1991. Em Donington, ultrapassou Michael Schumacher, Karl Wendlinger, Damon Hill e Alain Prost, na primeira volta, em corrida disputada sob chuva. Assim como Senna, Schumacher também mostrou bastante competitividade, com ambos dando muito trabalho aos pilotos da Williams, ficando em 4º lugar e vencendo em Portugal, segurando a pressão de Prost, na corrida que assegurou ao francês o tetracampeonato. Com mais um título na conta, Alain anunciou a aposentadoria no circuito da Fórmula 1, deixando o caminho livre para Senna ingressar na equipe de Sir Frank.

Mas os dispositivos eletrônicos, grande trunfo da Williams, como suspensão ativa e controle de tração, foram excluídos para 1994, tornando os carros instáveis. Senna continuou mostrando velocidade, mas teria que acertar o carro, que não mostrou a mesma estabilidade, ao contrário da Benetton, que conseguiu dar a Schumacher um equipamento melhor acertado. Mesmo sem pontuar nas três etapas que disputou, Ayrton ainda conseguiu largar na frente sempre que alinhou para o grid na última temporada que competiu. Depois de abandonar no Brasil e bater com a Ferrari de Nicola Larini, em Aida, saiu sem pontos, enquanto o competidor alemão obteve duas vitórias. Precisando da recuperação em San Marino, o brasileiro garantiu a pole novamente, mas o final de semana foi marcado por tragédias. Rubens Barrichello escapou nos treinos, e o austríaco Roland Ratzenberger perdeu a vida no dia seguinte, deixando os pilotos preocupados com a sensação de insegurança. Logo na largada, a Lotus de Pedro Lamy atingiu o Benetton de Jirky Jarvi Lehto, provocando a intervenção do safety car. Após a relargada, Ayrton Senna chocou-se na Tamburello na sétima volta, sendo atingido pelo braço da suspensão, perfurando o cérebro do piloto, que perdeu a vida logo depois.

Com 41 vitórias, 65 poles e 19 voltas mais rápidas, Senna deixou uma grande legião de fãs, entre torcedores e colegas de trabalho. Após isso, as normas de segurança passaram a ser ainda mais rigorosas e nenhum outro piloto voltou a perder a vida no circuito da Fórmula 1, devido as melhorias feitas nos projetos dos carros.

Os resultados de Ayrton Senna

1988

Equipe: McLaren Honda

Classificação: Campeão, com 90 pontos (com os descartes)/94 (sem os descartes)

Vitórias: 8 (San Marino, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Hungria, Bélgica e Japão)

Poles: 13 (Brasil, San Marino, Mônaco, México, Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Espanha, Japão e Austrália)

1989

Equipe: McLaren Honda

Classificação: Vice-campeão, com 60 pontos

Vitórias: 6 (San Marino, Mônaco, México, Alemanha, Bélgica e Espanha)

Poles: 13 (Brasil, San Marino, Mônaco, México, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Itália, Portugal, Espanha, Japão e Austrália)

1990

Equipe: McLaren Honda

Classificação: Campeão, com 78 pontos

Vitórias: 6 (Estados Unidos, Mônaco, Canadá, Alemanha, Bélgica e Itália)

Poles: 10 (Brasil, San Marino, Mônaco, Canadá, Alemanha, Bélgica, Itália, Espanha, Japão e Austrália)

1991

Equipe: McLaren Honda

Classificação: Campeão, com 96 pontos

Vitórias: 7 (Estados Unidos, Brasil, San Marino, Mônaco, Hungria, Bélgica e Austrália)

Poles: 8 (Estados Unidos, Brasil, San Marino, Mônaco, Hungria, Bélgica, Itália e Austrália)

1992

Equipe: McLaren Honda

Classificação: 4º lugar, com 50 pontos

Vitórias: 3 (Mônaco, Hungria e Itália)

Pole: 1 (Canadá)

1993

Equipe: McLaren Ford

Classificação: Vice-campeão, cm 73 pontos

Vitórias: 5 (Brasil, Europa, Mônaco, Japão e Austrália)

Pole: 1 (Austrália)

1994

Equipe: Williams Renault

Classificação: sem pontos

Poles: 3 (Brasil, Pacífico e San Marino)

Nenhum comentário:

Postar um comentário