quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Entrevista com Russo Born

Russo Born
Foto: Diego Wendhausen Passos

Data da Entrevista: 26/07/2011

Russo Born é formado em Geografia e História, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e ministra aulas para escolas, cursos pré-vestibular e preparatórios para concurso público, nas áreas de história, geografia e geopolítica.

Diego: Proveniente da Revolução Russa de 1917, a União Soviética, fundada em 1922, adotando o modelo socialista, contrapondo com a economia de mercado, vigente no sistema capitalista. Até que ponto a economia planificada teve seus pontos positivos?

Russo: A economia planificada foi algo diferente. Eles eram a cada cinco anos, então foi uma tentativa interessante de planejar um crescimento econômico. Ela ajudou vários lugares. No sistema capitalista, por exemplo, se um lugar não é economicamente rentável, não se investe naquele local. Se o número de pessoas é insuficiente, não se investe, porque no sistema capitalista é necessário fazer o possível para que não se caia em uma queda econômica que vá levar o crédito à falência. No sistema socialista, alguns lugares afastados do sistema econômico central, por exemplo, Uzbequistão, Turcomenistão, o próprio Cazaquistão, que são mais distantes, no sistema planejado, planificado, puderam receber esse investimento econômico. Se tem mil pessoas morando naquele lugar, por exemplo, serão criado tantos mil empregos naquele lugar. Se não tem estradas, vai ser criadas, se não tem iluminação, vai ser criada, mesmo incorrendo em uma queda econômica, porque o interessante é ter que desenvolver aquele lugar para criar tantos empregos naquele ponto. Então, no meu ponto de vista, o sistema planificado, ele beneficiou alguns países que não faziam parte do centro econômico. Agora, corrupção existiu. A igualdade que se queria, não existiu. A cúpula socialista se beneficiou gigantescamente do poder que tinha. Investiu-se muito em tecnologia espacial, e não se investiu na modernização e num crescimento para a população, e isso foi muito ruim para o mundo socialista.

Diego: Durante algumas décadas, os soviéticos disputaram com os Estados Unidos a condição de maior economia internacional, em período que ficou conhecido como Guerra Fria, mas as constantes crises econômicas derrubaram a União Soviética, no final de 1991. No seu ponto de vista, quais foram as principais causas que levaram a nação soviética ao fim?

Russo: Foram vários fatores que levaram ao fim da União Soviética. Um, a corrupção desenfreada. A cúpula do poder fazia um gasto gigantesco da sua infraestrutura, o mundo fechado, sem informação da população, transformou o regime em algo desacreditado, tanto que criou-se, já no final do regime socialista, então, quem vai assumir, vai ser o Gorbatchev. Quando o Gorbatchev assume o governo, ele percebe que o mundo socialista já estava completamente falido, e aí, então, propõe duas coisas, uma, que é a Perestroika, e a outra, que foi a Glasnost. A Glasnost era muito importante, que foi uma abertura política para as pessoas então entenderem o que estava acontecendo, a crise era iminente, e a Rússia, ela quebrou então em 1991. Em 1989, quebrou o Muro de Berlim, então, o mundo já estava em colapso, a Glasnost foi a grande abertura política, e a Perestroika seria uma grande reestruturação econômica, para poder colocar a Rússia, a União Soviética, nos eixos socialistas. Não queria se romper com o socialismo, só que não houve como se fazer essa remodelação. Na hora em que foi feita a abertura política, a população se revoltou, e começaram então as revoltas populacionais, e aí levou o mundo ao colapso. Então, a corrupção, um dos grandes problemas do mundo socialista. A cúpula não atendia, o sistema econômico da Rússia não atendia às necessidades da população. Os desvios de verbas eram gigantescos, a população estava desacreditada do sistema, havia uma grande ditadura, e quem reclamava contra o governo, era preso, torturado, então, foram vários, inclusive, investimentos elevados em armamentos. Investiram em tecnologia espacial, a Mir, por exemplo, que é a primeira base de suporte humano, fora do planeja, que quer dizer paz, consumia recursos bilionários, e isso foi quebrando o sistema econômico da União Soviética. Ela foi à falência, ela mesmo se implodiu própria, e a corrupção dentro do próprio governo.

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