domingo, 16 de janeiro de 2011

Campeonato Estadual: permanência ou extinção

Calendários mais extensos e a questão da permanência das competições regionais

Em um país de tamanho continental, composto por 26 estados mais o Distrito Federal, os campeonatos estaduais são tradição no Brasil desde o início do Século XX. As competições citadinas também tiveram bastante espaço até meados dos anos de 1960, mas acabaram extintas quando começaram a ser disputadas as competições nacionais. Com isso, muitos clubes ficaram pelo caminho, enquanto algumas permaneceram no cenário.

Durante décadas, tivemos estaduais, regionais e o campeonato brasileiro dentro de uma mesma temporada. Com o passar dos anos, as competições entre equipes da mesma região geográfica perdeu espaço. Em 2002, com os regionais bem organizados, as competições estaduais ficaram esvaziadas, quase deixando de ser disputadas. O regulamento previu até rebaixamento, mas durou apenas um ano.

Com a implantação do sistema de pontos corridos, em 2003, o brasileiro da Série A contava com 24 equipes, necessitando de um calendário de 46 rodadas, levando os regionais, como o Torneio Rio-São Paulo e a Copa Sul-Minas a extinção, sobrando apenas a Copa do Nordeste. As princiapais competições estaduais tiveram duração de apenas dois meses, pois tiveram poucas datas dispoiníveis para realizarem os jogos. Com a redução para 20 clubes participantes nas duas principais divisões da competição nacional, os estaduais ganharam novo fôlego.

O jornalista Mauro Pandolfi defende uma reformulação dos estaduais, frisando que se as competições continuarem conduzidas de forma política, correm o risco de serem extintos. Comparando com os citadinos, Pandolfi disse que elas tinham um viés social, pois os muitos campos deram origem aos bairros, ou agregando regiões mais afastadas às cidades. Em nível estadual, com o crescimento estrutural, e a melhoria de acesso, com novas estradas, essas disputas se estadualizaram, mas de forma muito política. O jornalista frisa que analisando o período de 1950 a 1980, encontramos vários políticos. Outro ponto destacado é a feudalização dessas instituições, prejudicando as competições, principalmente nos aspectos político e econômico. Com a presença de Avaí e Figueirense, na Série A, Criciúma, na Série B, e, Joinville e Chapecoense, na Série C, sem respaldo da Federação Catarinense de Futebol, Pandolfi considera Delfim “uma figura menor do futebol catarinense, sem representatividade junto a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), nem aos clubes”, complementando que “as equipes não dependem da Federação”. Para o jornalista, o Delfim, representante do futebol catarinense desde 1985, é um simulacro dos velhos cartolas do futebol brasileiro. Na gestão Delfim, inúmeros clubes chegaram a elite estadual, mas desapareceram em pouco tempo.

Associações de clubes poderiam organizar as competições

Com o contexto econômico cada vez mais presente no futebol brasileiro, a CBF passou a cuidar apenas da seleção brasileira, enquanto o Clube dos 13 passou a ser responsável pela formulação do campeonato brasileiro.

Mauro Pandolfi sugere que as competições estaduais passagem a ser administradas por uma associação de clubes, enquanto as federações estaduais ficariam apenas com o futebol amador, para as equipes buscarem contratos mais rentáveis, visando tornar as disputas mais atrativas financeiramente.

O jornalista Pandolfi falou que as televisões comunitárias poderiam transmitir as partidas das equipes locais através de maneira gratuita ou em permutas, em horários alternativos, sem concorrer com as principais competições nacionais. Outro ponto destacado por Panfolfi é a integração dos estaduais ao nacional, criando mais divisões. Em Santa Catarina, utilizando como exemplo, ele disse que os clubes presentes nas três principais divisões, garantem vaga no supercampeonato, entre fevereiro e maio, enquanto os integrantes de escalas inferiores jogam classificatórios entre os meses de maio a dezembro, mantendo as equipes em atividade. As divisões dos estaduais serviriam também para classificar os times dos estados para as outras séries do nacional, possibilitando a criação de mais divisões em território nacional, dando oportunidade a criação de mais clubes.

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