domingo, 11 de julho de 2010

Capitanias hereditárias

Existe alguma lei que rege as entidades esportivas?

Como, em um estado democrático de direito (na teoria), uma pessoa pode permanecer tanto tempo a frente de um órgão que cuida do esporte brasileiro, como por exemplo, federações futebolísticas, comitês olímpicos?

Apenas uma pessoa tem aptidão para exercer cargos e se perpetuarem no poder, sendo eleitas sem adversários, e, como são feitas essas eleições?

São perguntas que não querem calar eu e muitas pessoas. De acordo com a Constituição de 1988, intitulada como a mais democrática, prega a pluralidade de ideias, liberdade de crença e expressão, democracia, entre tantos outros pontos, que em tese, ótimo, mas na prática, não funciona bem assim.

Não vou me extender no assunto, ficarei apenas no futebol, na qual o poder da Confederação Brasileira de Futebol e de muitas das federações estaduais, se não todas, ficam em poder de uma pessoa por um longo tempo, indo na contramão do que prevê nossa carta magna, enfraquecendo o sistema democrático, a pluralidade de ideias.

Na CBF, Ricardo Teixeira está desde 1989 como o presidente, isto é, 21 anos no poder. Em Santa Catarina, o ex-deputado Delfim de Pádua Peixoto Filho, está desde 1985, mais tempo, 25 anos. Delfim foi parlamentar pelo antigo MDB, partido de oposição ao regime militar, entre 1971 e 1982. Oriundo de uma agremiação que pregava a democracia, deveria saber melhor do assunto. As entidades tornaram-se feudos, capitanias hereditárias nas mãos de uma pessoa, sem qualquer alternância, criando um círculo vicioso de poder.

Em Santa Catarina, o futebol local tem uma série de mudanças de regulamento. Desde a gestão do ex-parlamentar, o formato de disputa foi o mesmo apenas em 2005 e 2006, e em 2007 e 2008. Nas outras temporadas, sempre ocorreram algum tipo de mudança na fórmula do torneio. Além disso, os conflitos com torcedores e atitudes arbitrárias contra torcedores, atitudes anti-democráticas, proibindo manifestações pacíficas. Nós das arquibancadas podemos cometer nossos excessos, mas os excessos lá de cima são maiores.

Não seria hora de criar um estatuto visando uma escolha mais transparente para os representantes dessas entidades, dando a chance de renovação e estipulando uma duração de mandato?

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