terça-feira, 18 de agosto de 2020

Mudanças na equipe Williams

Com compra das ações por parte de grupo investidor dos Estados Unidos, time inglês passará a ter novo comando na empresa


Apesar da compra da equipe de Fórmula 1 e das outras partes do grupo comandado por Frank Williams, a equipe de Grove manterá o legendário nome, mantendo-se na sede. O novo acionista é o Dorilton Capital, que atua em investimentos privados.


Frank Williams, antes de iniciar com a equipe própria, ao lado do histórico parceiro Patrick Head, em 1978, comprou chassis March no início dos anos 70, e ainda trabalhou na ISO-Marlboro e com a Wolf em 1977, mas na mesma temporada saiu do time canadense para fundar a marca britânica.


Os primeiros anos foram de muito sucesso. Em parceria com empresas árabes, os ingleses ganharam a primeira corrida na 2ª temporada, na Inglaterra, em 1979, com Clay Regazzoni, faturando o primeiro título de pilotos com o australiano Alan Jones um ano mais tarde, e junto com o argentino Carlos Reutemann, que substituiu o suíço, ganhou os mundiais de construtores em 1980 e 1981. O saudita Mansour Ojjeh, dono da marca de relógios TAG, foi um dos patrocinadores da Williams nos primeiros anos, antes de se tornar sócio da McLaren.


Com os motores Honda, os carros de Frank também tiveram um período muito positivo, ganhando mais títulos ao lado dos japoneses, campeões de equipes em 1986 e 1987, contando com Nelson Piquet e Nigel Mansell. O brasileiro conquistou o 3º título da carreira pelos carros ingleses, mas após uma série de divergências com a direção do time, principalmente com Patrick Head, foi correr na Lotus.


Após ter um ano difícil em 1988, a Williams iniciou a mais vitoriosa parceria da equipe na Fórmula 1, passando a correr com os propulsores da Renault, tendo o belga Thierry Boutsen e o italiano Riccardo Patrese durante duas temporadas. Ali começou a fase de desenvolvimento, e com a volta de Nigel Mansell em 1991, para o lugar do piloto belga, transferido para a Ligier, e com a chegada do projetista Adrian Newey, que atualmente trabalha na Red Bull. Mesmo com o melhor carro, a escuderia de Grove foi superada pela McLaren Honda de Ayrton Senna e Gerhard Berger, com o brasileiro se aproveitando dos problemas de Mansell e Patrese nas primeiras etapas, que também começaram a utilizar o câmbio semi-automático, que apenas a Ferrari possuía, mas somente na metade solucionaram e também começaram a desenvolver um projeto que dominou nos dois campeonatos seguintes, a suspensão ativa e os dispositivos eletrônicos, contando também com o controle de tração. Os bólidos de Frank ganharam com sobras em 1992, com Nigel Mansell, e em 1993, com Alain Prost. Com a exclusão dessas ferramentas, a Benetton veio forte, contando também com o talentoso alemão Michael Schumacher. Além disso, a Williams, que contratou Ayrton Senna para 1994, tinha a esperança no brasileiro, mas o fatídico Grande Prêmio de San Marino, que o brasileiro perdeu a vida, trouxe aos ingleses o pior momento na categoria. Sem o principal piloto, Damon Hill passou a ser a aposta, e depois de perder duas vezes para o tedesco, levou o caneco em 1996. Em 1997, com Jacques Villeneuve e Hainz-Harald Frentzen, veio os últimos títulos, com o canadense entre os corredores, e entre os construtores.


Quando a montadora se afastou da competição, no fim de 1997, além de perder o projetista Adrian Newey para a concorrente McLaren, então comandada por Ron Dennis, que 10 anos antes já havia convencido a Honda a trocar Grove por Woking, a Williams ficou três temporadas em vencer ou largar na frente.


A chegada da BMW deu nova esperança, mas com Michael Schumacher e alguns dos principais parceiros de Benetton a frente da Ferrari, a escuderia de Maranello dominou o início dos anos 2000, acabando com um longo período sem título dos carros italianos. Apesar dos motores mais potentes, Juan Pablo Montoya e Ralf Schumacher não conseguiam fazer frente aos bólidos vermelhos, e ambos deixaram o time em 2004. Em 2005, contou com o australiano Mark Webber e o alemão Nick Heidfeld, mas o teutônico foi substituído pelo brasileiro Antonio Pizzonia, e assim que a marca bávara comprou a Sauber no mesmo ano, partiu com a montadora para a escuderia suíça na temporada seguinte.


Esse acabou sendo um divisor de águas para Frank Williams. Desde então, e com uma postura de manter o controle familiar, nenhuma montadora deu apoio de fábrica ao time, também por estarem trabalhando em outras equipes. Desde 2006, a Cosworth ficou no mesmo ano, como em 2010 e 2011, a Toyota entre 2007 e 2009. Com a Renault, veio a última vitória com Pastor Maldonado na Espanha, em 2012. O melhor período nos últimos 15 anos foi no começo da era híbrida, em 2014 e 2015, quando a Williams contou com o experiente Felipe Massa e o finlandês Valtteri Bottas, atualmente na Mercedes. Como a montadora alemã cedeu seus propulsores e tinha boa vantagem para as concorrentes Ferrari, Renault e Honda, a equipe inglesa ficou em 3º entre os times nas duas temporadas, e garantindo a última pole, com Felipe Massa na Áustria, em 2014. Com as melhoras das rivais, os carros de Frank voltaram a perder terreno. Red Bull e Ferrari, além da McLaren, que após uma grande crise política e técnica, que provocou a saída de Ron Dennis da empresa, além dos maus resultados ao lado da marca nipônica, voltou a encontrar o caminho em 2019, com Zak Brown, Andreas Seidl e Gil de Ferran. Em 2017, passou a contar com Lance Stroll, apoiado pelo magnata Lawrence Stroll, pai do piloto. A partir daí, as coisas pioraram, após perder Bottas e Massa, tiveram que correr a pilotos apoiados por empresas, e nas últimas três temporadas ficaram em último na classificação.


A crise econômica provocada pelo coronavírus, que vem causando uma grande convulsão socioeconômica, provocou impactos globais, provocando quedas nas arrecadações e eventos de toda a natureza não podendo contar com a presença do público, muitas empresas, companhias estão fechando as portas. Na Fórmula 1 não foi diferente, e após a McLaren recorrer ao banco que patrocina uma das financiadoras da empresa, Frank Williams também precisou colocar suas operações a venda, envolvendo além da escuderia, empresas de tecnologia e os carros históricos da categoria, por causa da queda de faturamento. O grupo de investimento ianque passa a comandar o time, que dará um novo gás financeiro.



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