sábado, 28 de novembro de 2009

NOVEMBRADA: SUBLEVAÇÃO POPULAR PÕE A DITADURA EM XEQUE

Fonte: Sérgio Rubim (Canga)




Por Olsen Jr.

Começou em 1968, na França. Os operários em greve tiveram a adesão dos estudantes universitários. Cada movimento com reivindicações próprias, mas unidos.

Depois se alastrou pelo mundo. A motivação poderia ser diferente, mas havia sempre um gancho. Nos EUA foi o Vietnã, no Brasil, a morte do estudante Edson Luís no Restaurante “Calabouço” que causou comoção nacional e desembocou na Passeata dos Cem Mil, a maior manifestação civil contra a ditadura vista até então.

Na Inglaterra, Alemanha, Japão, Itália, Tchecoslováquia, Polônia, os levantes estudantis que se espalharam pelo planeta fizeram de 1968 um ano que entrou para a história como símbolo de insatisfação e também de utopia.

Tanto nos países comunistas quanto nos capitalistas, o grande fantasma que assombrava o status quo era a “fusão das lutas” de estudantes e trabalhadores, como ressaltou Remi Kauffer do Instituto de Estudos Políticos de Paris.

No Brasil a saturação foi dando-se aos poucos, nos dez anos que antecederam a visita do então presidente João Batista Figueiredo a Florianópolis no episódio conhecido como “Novembrada”. Teve a morte do operário Manoel Fiel Filho, sob tortura, somadas com a do jornalista Vladimir Herzog, igualmente, e que punham sob suspeita os métodos de manutenção da ordem pública alegados pelo governo.

Houve a exoneração do ministro do exército, Sylvio Frota que foi desautorizado com o ato a antecipar o procedimento sucessório ao presidente da república, na época o General Ernesto Geisel. O fato acabou tornando público a chamada “linha dura” dentro das Forças Armadas. Um grupo que era refratário ao processo de “Abertura política” que contava com amplo apoio da sociedade civil organizada e principalmente dos estudantes. Aliás, estes preferiam que tudo acontecesse com maior rapidez.

Com a edição do AI-5 e conseqüente, fechamento do Congresso Nacional, o regime atingiu o paroxismo em termos de cerceamento da liberdade.

Foi o presidente Figueiredo (que sucedeu Geisel) o encarregado de levar adiante a propalada “Abertura” que deveria ser lenta, gradual e irrestrita.

O mesmo mandatário que afirmou: “O povo é massa de manobra”; que disse preferir o cheiro de cavalo ao cheiro de gente, mas também havia dito que quem fosse contra a “Abertura” “...Eu prendo e arrebento”.

No dia 30 de novembro de 1979 celebrando os 90 anos da República foi marcada a visita do presidente Figueiredo à Florianópolis. Embora o AI-5 tivesse sido revogado, e o País caminhasse lentamente para uma democracia, o processo ainda levaria tempo e havia uma insatisfação permanente não só com o cerceamento de algumas liberdades, mas algumas questões de ordem econômica que não se resolviam.

Os universitários, através do DCE – Diretório Central dos Estudantes, resolveram fazer um protesto em frente do Palácio Cruz e Sousa. O que deveria ser uma festa acabou em tumulto quando se pretendeu homenagear o patrono da cidade, o “Marechal de Ferro”, Floriano Peixoto, persona non grata para os catarinenses por ter mandado fuzilar centenas de pessoas (que eram contrárias à República) na Ilha de Anhatomirim.

O confronto dos manifestantes como presidente do Brasil ganhou repercussão internacional e certamente favoreceu o processo de reabertura democrática no País.

Para satisfazer ao pedido do presidente, de que os “culpados” deveriam ser presos, alguns estudantes sofreram um processo de enquadramento na Lei de Segurança Nacional, mas foram posteriormente absolvidos. Minha homenagem aos amigos Adolfo Dias (in memoriam), Amilton Alexandre e Rosangela de Souza.

Os estudantes sempre tiveram um papel importante no destino do Brasil, está lá na obra “O Poder Jovem”, do amigo Arthur José Poerner, aqui o meu respeito também àqueles que não se intimidaram diante da barbárie, o que tornou até esse texto possível!

Nota do Blogueiro:
Também presto minha homenagem aos estudantes que lutaram pela nossa democracia. Ao Adolfo, que não conheci, ao Mosquito, além da Lígia, do Geraldo, da Rosângela, nossa Lelê, e a Marize.

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