sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Guerra do Contestado (1912-1916)


Entrevista com Paulo Roberto Hapner


Paulo Roberto Hapner
Foto: Bruno Arthur Hochheim

Paulo Roberto Hapner é Desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná

Data da entrevista: 02/08/2012

Diego: A religiosidade foi um ponto que caracterizou a região do meio-oeste catarinense, onde inúmeras pessoas perderam as concessões do território para a empresa responsável pela construção da estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul. Como os habitantes reagiram à perda das terras?

Paulo Roberto: Como eu havia falado, eu não sei se os habitantes, que perderam a terra, reagiram, ou se foram mais pessoas ou outros habitantes que perderam a terra, se a perderam. Essa região, quando foi feito o trajeto, a concessão é de 1888, ainda no período imperial, foi concedida a Teixeira Soares, dando a ele, para direito da construção da estrada, o direito para ele explorar e o domínio de 15 quilômetros para cada lado. Se existia alguém habitando, eu não sei como foram tratadas as pessoas que residiam ali, como foi tratado, se elas foram desalojadas da região, ou se houve acerto ou concedido a eles o direito de ocupação. O que eu posso dizer a você, é que nos litorais paranaense e catarinense, as pessoas que tinham posse, elas sempre foram respeitadas, mesmo para aqueles que possuíam as concessões. Neste caso, se essa concessão, essa empresa que construiu a estrada não respeitou, eu não tenho conhecimento se foi desta forma e se não respeitou as pessoas que moravam ali, ou se foram pessoas que ali moravam e trabalharam na estrada, passaram a residir nessa região. Eu não sei se eles foram os posseiros ou se eles foram desalojados, não tenho conhecimento específico sobre esse assunto.

Diego: Além das questões religiosas e sociais, acontecimentos políticos acirraram ainda mais o conflito na região, disputada entre Paraná e Santa Catarina, uma das guerras mais longas da história do Brasil. Quais foram as principais causas do conflito?

Paulo Roberto: Segundo o maior historiador do Brasil, que é Calmon, existia messianismo e banditismo. Nós estamos tentando discuti, 100 anos depois do conflito do Irani, quais foram as causas, tudo adaptado nessa questão de limites que existia entre o Paraná e Santa Catarina, e a falta de jurisdição sobre o território contestado. Muitas são as causas, a religiosidade, talvez, muitos falam que é a tentativa de volta a monarquia, a existência de ex-maragatos na região, federalistas, messianismo, tudo isso pode ter levado, tentando estabelecer qual a causa preponderante, uma coisa que vai levar alguns anos para se responder.

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