Passados 20 anos após o fatídico fim-de-semana, que tirou as vidas do austríaco Roland Ratzenberger e do brasileiro Ayrton Senna, na etapa de Imola, válida pelo Grande Prêmio de San Marino, em 1994, nenhum piloto voltou a perder a vida na Fórmula 1.
O sonho de correr pela Williams, perseguido desde 1991, quando o paulistano ainda defendia as cores da rival McLaren, pela qual Ayrton ganhou os três títulos mundiais, não saiu como o esperado. Grande campeã nas duas temporadas anteriores, com Nigel Mansell e Alain Prost, com um carro dotado de suspensão ativa e dos motores Renault, a escuderia comandada por Frank Williams conseguiu derrubar a supremacia da McLaren, que trabalhou com a Honda entre 1988 e 1992, quando os japoneses deixaram a principal categoria do automobilismo mundial, voltando apenas oito anos depois. Sem os propulsores nipônicos, Ron Dennis acertou com a Ford, e contratou o norte-americano Michael Andretti, que disputou 13 corridas em 1993, dando lugar ao finlandês Mika Hakkinen, nas três últimas etapas do campeonato. Ayrton Senna ainda conseguiu três vitórias em 1992, mais cinco no campeonato seguinte, mantendo a equipe de Woking com o 2º posto entre os construtores, após disputas com a Benetton, já liderada pelo alemão Michael Schumacher, outro forte concorrente dos carros de Grove.
Mesmo com a troca da dupla Nigel Mansell e Riccardo Patrese, de 1992, para Alain Prost e Damon Hill, para o ano seguinte, a Williams manteve o domínio no certame, mesmo com Senna e Schumacher dando trabalho ao time de Sir Frank. Com a saída de Prost, Ayrton assumiu o lugar do francês para 1994, ano em que o brasileiro partiria em busca do 4º título mundial, assim como a seleção brasileira de futebol, que não ganhava uma Copa do Mundo desde 1970.
Por outro lado, as mudanças no regulamento, que aboliram os dispositivos eletrônicos, como controle de tração e suspensão ativa, além da gasolina especial, bem desenvolvidas pela equipe Williams, tiraram a vantagem dos ingleses. O carro continuava veloz, mas não tinha boa dirigibilidade, enquanto a Benetton conseguiu desenvolver um bólido melhor equilibrado, deixando Michael Schumacher em vantagem diante de Senna.
As duas vitórias do alemão, enquanto Senna acumulou dois abandonos, deixou uma situação desfavorável, e o brasileiro necessitava vencer na corrida seguinte, na pista em que somou mais poles na carreira, oito (de 1985 a 1991, e 1994).
Um Grande Prêmio para ser esquecido. Uma forte batida envolvendo Rubens Barrichello nos primeiros treinos de classificação foi o início da preocupação. Rubinho ficou fora da disputa na sexta-feira, voltando a atuar já na corrida seguinte, em Mônaco. No sábado, Ratzenberger perdeu a vida na curva Villeneuve, deixando os competidores preocupados. No domingo, o clima de insegurança, aliado a desvantagem no campeonato, deixaram Senna bastante aflito. Logo na largada, a Benetton de Jirky Jarvi Lehto, parado no grid, foi atingido pela Lotus de Pedro Lamy, provocando a intervenção do safety-car. Na sétima volta, liderando a corrida, a Williams de Senna passou reto na Tamburello, chocando-se contra o muro, soltando o braço da suspensão e atingido a cabeça do competidor, que veio a perder a vida horas depois.
Foi-se o campeão e entrou para história um mito, um ídolo que marcou época e deixa uma legião de fãs até os dias atuais.
A série será dividida em três partes: a primeira abordará os tempos do kart, a segunda, os anos de competição na Inglaterra e o primeiro teste em um carro de Fórmula 1, a terceira, os anos de Toleman e Lotus, quando começou a se destacar no certame, e a última, a consagração e o fim do sonho, resumindo os anos de McLaren e da Williams.
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