domingo, 30 de janeiro de 2011

Williams perde para disputa interna

Alain Prost ganha bicampeonato que poderia ter ficado em Grove

Após sete anos na Brabham, Nelson Piquet foi para a Williams em busca de uma equipe mais competitiva, atrás de novas conquistas. O seu companheiro de equipe, o inglês Nigel Mansell, um piloto muito rápido, mas nada conservador, não parecia ser uma grande ameaça ao brasileiro.

Com um final de ano positivo, ganhando as três últimas etapas na temporada anterior, a expectativa no time de Frank Williams eram boas. Os principais adversários eram McLaren, com o campeão Prost e o finlandês Keke Rosberg, que havia saído da Williams, a Lotus, com Ayrton Senna, a Ferrari, com a mesma dupla, Michele Alboreto e Stefan Johansson, a Ligier, com os franceses René Arnoux e Jacques Laffite, que correu até a etapa inglesa, além da novata Benetton, que foi com Teo Fabi e Gerhard Berger, com uma estreia positiva, marcando duas poles com Fabi e somando uma vitória com Berger no México. A Brabham, sem Nelson Piquet, enfrentou um campeonato difícil, somando apenas dois pontos com Riccardo Patrese, além de perder Elio de Angelis, morto durante testes em Paul Ricard, na França. Derek Warwick foi o substituto do ex-companheiro de Senna na Lotus pelo restante do certame.

O favoritismo era da Williams, mas o acidente automobilístico envolvendo o chefe da equipe prejudicou inclusive o clima dentro da escuderia, que dava preferência ao britânico Nigel Mansell.

Na etapa inicial, no Brasil, Piquet venceu com Senna em segundo, seguidos pelas Ligier de Laffite e Arnoux. Em Jerez de la Frontera, uma das chegadas mais emocionantes, com Ayrton Senna vencendo por meio carro de diferença. Em San Marino e Mônaco, vitórias de Alain Prost, deixando o francês na liderança da tabela. Nos Estados Unidos, Senna venceu a segunda corrida, superando Laffite e Prost.

Sem um carro capaz de mantê-lo na disputa, Senna foi perdendo terreno para McLaren e Williams ao longo da temporada, conseguindo somar pontos e pódios. Na segunda metade do ano, Nelson Piquet começou a reagir, com vitórias na Alemanha e na Hungria, conquistada com uma ultrapassagem espetacular sobre Ayrton. Porém, a liderança de Mansell e os problemas internos começavam a atrapalhar, e ele, beneficiado cinco anos antes, contra a equipe que estava defendendo, enfrentava o companheiro inglês e o time inglês.

A última vitória de Piquet na temporada foi na Itália, em Monza, tomando a liderança do colega de equipe durante a corrida. No México, aconteceu a maior surpresa da temporada, com Gerhard Berger e a Benetton vencendo pela primeira vez na Fórmula 1, mantendo-se na pista sem trocar pneus.

Na Austrália, última corrida de 1986, Mansell, Prost e Piquet foram precisando vencer para levantar o caneco. Com problemas no início, o francês trocou pneus e conseguiu seguir até a linha de chegada, enquanto o companheiro Rosberg despediu-se da categoria com um pneu furado. Nigel Mansell abandonou depois de um estouro espetacular, evitando um grave acidente. Chamado pela equipe, Nelson Piquet foi para os boxes, deixando o caminho livre para Prost chegar ao título. Stefan Johansson, 3º colocado, completou o pódio.

Classificação Final

Pilotos

1º) Alain Prost, 72 (74) Pontos*
2º) Nigel Mansell, 70 (72) Pontos*
3º) Nelson Piquet, 69 Pontos
4º) Ayrton Senna, 55 Pontos
5º) Stefan Johansson, 23 Pontos
6º) Keke Rosberg, 22 Pontos
7º) Gerhard Berger, 17 Pontos
8º) Jacques Laffite, 14 Pontos
9º) Michele Alboreto, 14 Pontos
10º) René Arnoux, 14 Pontos

* Os pilotos contavam com os 11 melhores resultados

Equipes

1º) Williams Honda, 141 Pontos
2º) McLaren TAG, 96 Pontos
3º) Lotus Renault, 58 Pontos
4º) Ferrari, 37 Pontos
5º) Ligier Renault, 29 Pontos
6º) Benetton BMW, 19 Pontos

Vitórias

Pilotos

Nigel Mansell, 5 Vitórias (Bélgica, Canadá, França, Inglaterra e Portugal)
Alain Prost, 4 Vitórias (San Marino, Mônaco, Áustria e Austrália)
Nelson Piquet, 4 Vitórias (Brasil, Alemanha, Hungria e Itália)
Ayrton Senna, 2 Vitórias (Espanha e Estados Unidos)
Gerhard Berger, 1 Vitória (México)

Equipes

Williams Honda, 9 Vitórias (Nigel Mansell 5, Nelson Piquet 4)
McLaren TAG, 4 Vitórias (Alain Prost 4)
Lotus Renault, 2 Vitórias (Ayrton Senna 2)
Benetton BMW, 1 Vitória (Gerhard Berger 1)

Poles

Pilotos

Ayrton Senna, 8 Poles (Brasil, Espanha, San Marino, Estados Unidos, França, Hungria, Portugal e México)
Nigel Mansell, 2 Poles (Canadá e Austrália)
Nelson Piquet, 2 Poles (Bélgica e Inglaterra)
Teo Fabi, 2 Poles (Áustria e Itália)
Alain Prost, 1 Pole (Mônaco)
Keke Rosberg, 1 Pole (Alemanha)

Equipes

Lotus Renault, 8 Poles (Ayrton Senna 8)
Williams Honda, 4 Poles (Nigel Mansell 2, Nelson Piquet 2)
McLaren TAG, 2 Poles (Alain Prost 1, Keke Rosberg 1)
Benetton BMW, 2 Poles (Teo Fabi 2)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Force India confirma pilotos para 2011

Adrian Sutil permanece na equipe indiana, enquanto Paul Di Resta substituirá Vitantonio Liuzzi

Com o anúncio da Force India, falta apenar a Hispania contratar o companheiro de Narain Kartkiheyan para a última vaga restante na Fórmula 1.

O alemão Adrian Sutil vai para o quarto ano no time, passando a ter o estreante escocês Paul Di Resta o novo colega, além de contar com o também alemão, Nico Hulkemberg, egresso da Williams, o piloto de testes.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As seis decisões emocionantes

Esta série será uma seleção feita pelo blogueiro que vai resumir as seis temporadas mais emocionantes, decidida na última etapa, nos últimos 25 anos.

Disputas entre pilotos e equipes, brigas internas ocorridas nesses campeonatos escolhidos pelo titular deste site como as melhores decisões.

30/01/2011: Temporada de 1986
06/02/2011: Temporada de 1997
13/02/2011: Temporada de 2003
20/02/2011: Temporada de 2007
27/02/2011: Temporada de 2008
06/03/2011: Temporada de 2010

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Entrevista com Mauro Pandolfi

Mauro Pandolfi
Foto: Diego Wendhausen Passos

Data da entrevista: 07/01/2011

Mauro Pandolfi é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, em 1985. Atualmente é proprietário e sócio da Farmácia Homeopática Opção Natural, em São José-SC. Na carreira jornalística, atuou na área esportiva, participando da revista sobre a História do Avaí, produzida em 1987, ao lado de Paulo Scarduelli. Editor do Fanzine Vídeo, de cinema e vídeo, em parceria com Paulo Scarduelli e Sandro Shiguefuzi, era distribuído gratuitamente às videolocadoras de Florianópolis. Na mídia impressa, trabalhou no Diário Catarinense e Jornal A Notícia, ambos na editoria de esportes.

Diego: Durante algumas décadas, o campeonato catarinense iniciava com a disputa dos citadinos, que classificava os melhores de cada região para a fase decisiva, porém, com o início da Taça Brasil, em 1959, esses torneios foram perdendo espaço e deixaram de existir. Na sua opinião, os campeonatos estaduais também correm esse risco, diante de um calendário futebolístico cada vez mais extenso?

Mauro: Eu costumo dizer que existe o tambor dialético do tempo. Assim como terminaram os citadinos, os estaduais serão extintos. O citadino tinha um viés social como principal elemento do futebol eram campos que geravam bairros, ou bairros que tinham campo, e, na integração social, entre as comunidades e os bairros, originaram-se essas disputas. Com o progresso econômico e o desenvolvimento dos estados, mais estradas, surgiram os estaduais. O campeonato estadual tem um viés eminentemente político. Se você analisar os dirigentes dos clubes nos anos de 1950 a 1980, você vai encontrar vários políticos. Nesse momento funciona uma entidade, que são as federações, que são eminentemente políticas. Controlam o futebol com mão-de-ferro, dependendo dos seus interesses. São feudalizadas, eleitas por outras menores, também feudais, que são as ligas locais. O futebol estadual vai desaparecer se não for reinventado. O futebol, hoje, é essencialmente econômico, o viés dele é econômico. Temos como exemplo o Avaí e o Figueirense. A cota de televisão de Avaí e Figueirense, segundo o blog do Rodrigo dos Santos, é de R$ 220 mil. 220 mil, dividido por menos de quatro meses, dá algo entre 50 e 60 mil, o que não paga o salário de seu principal jogador. Como os clubes que têm uma arrecadação, uma verba de televisão em torno de R$ 10 milhões, no caso de Avaí ou Figueirense, que vão disputar um campeonato brasileiro, como que um campeonato estadual pode ser atrativo? O futebol estadual, o campeonato, deve ser reinventado, e passa pela extinção das federações, que são entidades anacrônicas, obsoletas, que não podem mais gerir o futebol como eles gerem, no ponto de vista político. O futebol, hoje, é eminentemente econômico, e quem não se adaptar, vai ser atropelado.

Diego: O fim dos campeonatos citadinos tirou muitas equipes das atividades futebolísticas, por falta de calendário. Caso os estaduais sejam extintos, você acredita que muitos clubes brasileiros fechem as portas?

Mauro: Os campeonatos estaduais ocupam de três a quatro meses, no máximo, por ano. Quem faz futebol para três ou quatro meses por ano, não tem como sobreviver. Quem ligar apenas para campeonatos estaduais, dentro da estrutura de hoje, do futebol, vai falir. Ou se reinventam os estaduais, aplicando um planejamento, uma fórmula mais longa, que dê mais visibilidade para os clubes, vai sobreviver. Se não acontecer isso, a tendência é a diminuição muito grande de clubes no futebol brasileiro. Na época dos citadinos, existia em torno de três mil clubes no Brasil. Quando o estadual se torna efetivamente um campeonato, há em torno de mil a 1200 clubes no Brasil, e, com o fim dos estaduais, eu não acredito que sobrem mais do que 300 clubes no Brasil. Infelizmente vai se terminar um celeiro, o chavão aqui, dos grandes craques. Ou os clubes pequenos, os que se preocupam apenas com os estaduais, passam a planejar a sua visão nacional, ou modificam os estaduais, ou serão extintos. É uma pena. O meu time querido, o Ypiranga, de Erechim, provavelmente vai ser extinto se continuar pensando apenas em campeonato gaúcho.

Diego: A implantação do sistema de pontos corridos no Campeonato Brasileiro diminuiu o calendário para disputa das competições estaduais, colocando a continuidade dos regionais em discussão. No seu ponto de vista, qual seria o planejamento ideal a ser inserido no futebol brasileiro?

Mauro: O Ronaldinho está sendo disputado por três grandes clubes no país. O contrato, por quatro anos, é em algo em torno a R$ 100 milhões, dá R$ 25 milhões por ano. Como é que você vai querer que Grêmio, Flamengo ou Palmeiras, ou o clube que acertar, vá disputar um campeonato estadual, que é deficitário, onde eles vão ganhar, no máximo, de dois a três milhões. Eles têm que disputar campeonato onde tenham a rentabilidade equivalente a isso. O futebol brasileiro vai ter um novo referencial, caso a Copa seja disputada, em 2014. Vai ter um novo referencial de estádios. Todos os principais clubes do país vão disputar em outros palcos, em novos palcos, que vai ter outra estrutura de campo, outra estrutura administrativa. Como eles vão disputar campeonatos estaduais? Eles vão ter que disputar campeonatos rentáveis. O futebol vai dar um salto econômico. Como está vindo o Ronaldinho, em final de carreira, como o Ronaldo, na mesma situação, há uma possibilidade, quanto mais próximo da Copa do Mundo, do Brasil virar um dos centros do futebol, de virem jogadores para o país, com patrocínios. Nunca se falou antes em contratar um jogador por R$ 1,5 milhão de salários, por mês, no Brasil, agora se fala. O Ronaldo, acertando com qualquer um dos três clubes, é R$ 1,5 milhão de salário, por mês, uma parte bancada pelo clube, menor, e a outra, paga pelo patrocínio, e isso modifica a relação de futebol no país. O campeonato é por pontos corridos. Ele tem todos os seus defeitos, mas ainda é o melhor. Eu acho um campeonato cheio de defeitos, mas ainda é o melhor campeonato. A ideia que eu tenho de futebol é a seguinte: eu acho um absurdo, por exemplo, Santa Catarina ter três divisões, não tem clube para isso. Por que os clubes não disputam, de março a dezembro, um campeonato classificatório, que se classificam cinco clubes, para disputar com os cinco grandes, que disputam as séries A, B e C, um supercampeonato, uma rápida disputa, de fevereiro a maio? Esses jogos do campeonato catarinense, de maio a dezembro, com os outros clubes, deveriam ser em dias alternativos, não aos sábados e domingos, quando tem televisão, das séries A e B, em horários que não têm esse espaço, e vincular essas partidas, não sei se de maneira gratuita, ou em permuta, com essas televisões locais, como a TV Primer, em São José, a TV Galega, em Blumenau, acho que cada cidade tem a sua televisão, a TV COM, em Florianópolis. Essa é uma das saídas. A outra possibilidade que eu vejo, são os campeonatos estaduais se tornarem divisões do brasileiro, 9ª, 10ª, 11ª, em que se classifiquem clubes para disputar 4ª, 5ª, conforme vai ascender. Eu acho que os campeonatos estaduais, desta forma que eu estou te dizendo, de março a dezembro, citando o exemplo de Santa Catarina, deveriam ter algumas regras, por exemplo, a idade média ser de 22, 23 anos, para você trabalhar com jogadores jovens, jogadores mais baratos, podendo ter apenas quatro ou cinco jogadores acima de 25 ou 26 anos, para revelar jogadores. Na revelação dos jogadores, na permuta dos jogadores, e na visibilidade dessas transmissões locais, você pode gerar um bom campeonato. Eu acho que essa é uma das ideias. A outra, é a de um campeonato brasileiro de intensas divisões, e os campeonatos estaduais fazerem essas divisões.

Diego: Nos últimos anos, tem sido muito comum, em várias entidades esportivas, no Brasil, serem presididas e conduzidas por apenas uma pessoa, como por exemplo, o Comitê Olímpico Brasileiro, a Confederação Brasileira de Futebol, além das federações estaduais de futebol. Até que ponto essa perpetuação no poder, de determinada pessoa, atrapalha ou ajudam as federações estaduais de futebol?

Mauro: Esse é um caso típico do ranço político brasileiro. Os senhores de federação, são uns senhores feudais. Administram suas federações como se os estados fossem extensões de suas propriedades. Eu pego como exemplo o caso aqui em Santa Catarina. Qual clube, em Santa Catarina, tem uma sede igual a da federação? O Delfim não deve gostar da presença dos times catarinenses na primeira divisão, porque isso enfraquece os campeonatos estaduais, e isso perpassam essas entidades anacrônicas e obsoletas, que são as federações, um ranço, o viés político que ainda tem no futebol. O Ricardo Teixeira está há muito tempo, o presidente da federação gaúcha, o Onaireves Moura era o presidente eterno da federação paranaense, chegou a ser preso. A federação paulista também passa por esses problemas. Quer dizer, e o futebol, como é que estão os clubes catarinenses? Quantos clubes catarinenses faliram na gestão do Delfim de Pádua Peixoto? Cadê o Araranguá, o Sombrio, o Guarani, o Palmeiras, o Kindermann, a Caçadorense, o Xanxerense, o Guarani, de São Miguel D’Oeste, o Internacional, de Lages, o Fraiburgo, o Canoinhas? Muitos deles fecharam. Ele vai alegar que chegou a primeira divisão. O futebol catarinense tem dois clubes na primeira divisão, tem um na segunda, e dois na terceira, falando em nível nacional. Quantos desses clubes, e nesses acessos, o que teve de planejamento da federação? Qual é a participação da entidade, no planejamento e na ascensão desses clubes? Esse é um mérito extremamente ligado às agremiações. Santa Catarina tem dois clubes na Copa do Brasil, e o Ceará tem três, sendo que só tem um clube na primeira divisão. Eu acho que esse retrato é bem claro. O futebol estadual sobreviverá quando for gerido por entidades profissionais. As federações são de estruturas amadoras, tanto é que fazem a gestão do futebol profissional e futebol amador. As federações deveriam cuidar, essencialmente, do futebol amador. Uma liga de futebol profissional deveria lidar com futebol profissional, como a CBF só vai cuidar da seleção, o Clube dos 13 só vai lidar com os clubes. O campeonato brasileiro é esse sucesso, por que é gerido pelo Clube dos 13, não pela CBF, e assim deveriam os estaduais, geridos por uma liga profissional, que vai buscar melhores contratos, enquanto a federação fica apenas com o futebol amador. Já que é uma entidade amadora, que o senhor presidente não recebe, apenas faz o sacrifício, que cuide do futebol amador.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Campeonato Estadual: permanência ou extinção

Opinião dos torcedores

Em um país de dimensão continental, como o Brasil, os campeonatos estaduais servem para manter a rivalidade regional entre as principais equipes de futebol no país. Na sua opinião, você considera que os estaduais ainda mantém essa tradição, diante de um calendário futebolístico cada vez mais extenso?

João Vicente Savaris dos Passos, estudante de Administração/UFSC e Edificações/CEFET-SC

"Eu acho que mantém, uma vez que o Brasil é um país muito grande, e as divisões, geralmente só tem 20 equipes. Então, muitos se enfrentam somente nos estaduais, esses times regionais, é bom, porque mantém essa rivalidade. Por exemplo, em Santa Catarina, agora conseguiremos ter um jogo nacional, entre Avaí e Figueirense, na Série A. Nas outras séries, os times são muito distribuídos, pelo país ser muito extenso. Considero importante manter essa tradição."

Lizandro Macedo, profissional liberal e formado em Ciências Contábeis/UFSC

"Sim, considero. Os campeonatos estaduais ainda têm muita tradição, até por que, eu penso assim, sou rubro-negro, Flamengo, e de quem eu vou no dia seguinte, um clássico no estadual, pegar um botafoguense, um pó de arroz, Fluminense, o pessoal do Vasco também, principalmente, e não poder ter esse sabor de vitória, do estadual. Tem o fator do calendário, realmente, que está muito apertado, com poucas datas, mas eu acho que deve ser mantido, como aqui em nosso estado, com o Figueirense e o Avaí, com os dois na Série A, então eles vão disputar, antes do nacional, irão disputar a competição local, valendo a tradição, o torcedor que é ferrenho do Avaí, ou do Figueirense, quer ganhar o estadual, às vezes, até mais do que o próprio Brasileiro."

Lúcio Luiz, formado em Jornalismo/Fuvest, Lages-SC

"Realmente é muito extenso, e, às vezes, nós vemos campeonatos que durariam até mais de um ano, para ter um campeão. Acho que os estaduais deveriam ser revistos, em alguns aspectos, principalmente quando se diz respeito a Divisão de Acesso. A Divisão de Acesso, por exemplo, foi uma posição tomada pela Federação Catarinense de Futebol, para que times menores tenham um acesso no caso a divisão de elite do catarinense, mas muitas vezes a gente vê que é um grupo de equipes, uma panela, para falar bem o português correto, acaba coordenando e monopolizando essa divisão de elite. E eu, como torcedor do Inter, de Lages, eu fico decepcionado com esse tipo de comportamento, principalmente por parte da federação, dando atenção para times que são apadrinhados por agremiações mais expressivas, e acabam sendo esquecidos essas equipes locais e regionais, que ainda dependem de renda de arquibancada para se manter, dependendo de contribuições, doações, para pagar salários, e os outros times que estão na divisão de acesso, não precisam disso, já têm uns padrinhos bem fortes, então, acho que com relação a isso, também deveria ser revisto em Santa Catarina."

Luiz Augusto Macedo, profissional liberal

"Com certeza. Eu acho que tem manter o campeonato estadual, porque é a oportunidade para tirar sarro do teu vizinho, que torce para um outro time, aí o teu time vai lá, no domingo, ganha do time dele, ou perde, aí é você que ser zoado, mas isso é muito importante. Os europeus não têm campeonato estadual. Na Europa, um país é do tamanho de um estado nosso, então eles disputam uma competição o ano inteiro. Nós somos um país continental, então precisamos ter esses campeonatos regionais para manter a tradição. Imagina o que seria um futebol brasileiro, sem um Grenal, sem um Avaí e Figueirense, sem um Fla x Flu, então, com certeza, tem que ter o campeonato estadual. Aí você tem que adequar o resto do ano, do calendário, para os outros campeonatos."

Mauro Pandolfi, jornalista formado pela UFSC

"O estadual, assim como o campeonato citadino, tende a desaparecer. O futebol mudou o seu viés, como o citadino era um viés social, o estadual é político, e hoje é um viés econômico, com tendências aos nacionais serem mais fortes. As rivalidades começam no campeonato citadino. A ideia de rivalidade é a local, mas já existe rivalidade interestadual. Flamengo e Grêmio foi um grande clássico nos anos 90, Internacional e Cruzeiro foi um grande clássico dos anos 70. Agora, que Santa Catarina se nacionaliza, vai começar a rivalidade fora de Santa Catarina. Avaí e Figueirense vão começar a ter rivalidade com os clubes do sul, que são os mais próximos. Com Paraná e Rio Grande do Sul já existe uma rivalidade, mas o estadual ainda tem o charme da rivalidade localizada. Nesse aspecto, eu acho que é a única coisa que segura o estadual ainda, e, para se mantê-la viva, o estadual precisa ser reinventado, senão vai desaparecer, infelizmente. Mas eu acho que a rivalidade não é necessariamente mantida pelo campeonato estadual. Ela pode se manter em campeonatos nacionais. Nesse momento, em Florianópolis, vai ter o maior momento de rivalidade. Ela não vai ser nos campeonatos estaduais, a grande disputa vai ser na Série A. Esse é o novo passo da rivalidade. O campeonato nacional não mata as rivalidades, ele as amplia, do estadual para o nacional."

Nilson Tadeu Passos, empresário, formado em Engenharia Elétrica/UFSC

"Eu acho que independente da extensão de um país, vejo que os campeonatos estaduais tendem a desaparecer. Eu me baseio muito no que vem acontecendo na Europa, que serve de base para tudo, e é o que todos copiam, principalmente o Brasil, quando são coisas dão certo, primeiro lá, e depois aqui, então acho que os campeonatos estaduais não devem mais existir. Os times têm que investir mais nessas categorias de A, B, C, D, que dão mais público, mais dinheiro para essas equipes. Não sou favorável. Eu vejo, na América do Sul, que ainda não está desenvolvida para esse tipo de futebol. Vejo a Argentina, que tem um campeonato estadual muito forte, mas que também está enfraquecendo. No Brasil já enfraqueceu. As agremiações poderiam preparar as suas equipes para as competições de uma outra forma, não precisam se utilizar dos estaduais. Não vejo vantagem nesse tipo de disputa."

Silvio Carlos Breda Junior (Kuky), estudante de História/UFSC

"Eu acho bem legal a competição estadual, tanto para manter a rivalidade, e ajudar até na história do clube, dando mais chance para os times pequenos de cada região, ou estado, mas o caso seria talvez, reduzir o número de vagas na primeira divisão, ou um novo método na elaboração do calendário, para que as competições não exijam tanto de jogadores e equipes."

domingo, 16 de janeiro de 2011

Campeonato Estadual: permanência ou extinção

Calendários mais extensos e a questão da permanência das competições regionais

Em um país de tamanho continental, composto por 26 estados mais o Distrito Federal, os campeonatos estaduais são tradição no Brasil desde o início do Século XX. As competições citadinas também tiveram bastante espaço até meados dos anos de 1960, mas acabaram extintas quando começaram a ser disputadas as competições nacionais. Com isso, muitos clubes ficaram pelo caminho, enquanto algumas permaneceram no cenário.

Durante décadas, tivemos estaduais, regionais e o campeonato brasileiro dentro de uma mesma temporada. Com o passar dos anos, as competições entre equipes da mesma região geográfica perdeu espaço. Em 2002, com os regionais bem organizados, as competições estaduais ficaram esvaziadas, quase deixando de ser disputadas. O regulamento previu até rebaixamento, mas durou apenas um ano.

Com a implantação do sistema de pontos corridos, em 2003, o brasileiro da Série A contava com 24 equipes, necessitando de um calendário de 46 rodadas, levando os regionais, como o Torneio Rio-São Paulo e a Copa Sul-Minas a extinção, sobrando apenas a Copa do Nordeste. As princiapais competições estaduais tiveram duração de apenas dois meses, pois tiveram poucas datas dispoiníveis para realizarem os jogos. Com a redução para 20 clubes participantes nas duas principais divisões da competição nacional, os estaduais ganharam novo fôlego.

O jornalista Mauro Pandolfi defende uma reformulação dos estaduais, frisando que se as competições continuarem conduzidas de forma política, correm o risco de serem extintos. Comparando com os citadinos, Pandolfi disse que elas tinham um viés social, pois os muitos campos deram origem aos bairros, ou agregando regiões mais afastadas às cidades. Em nível estadual, com o crescimento estrutural, e a melhoria de acesso, com novas estradas, essas disputas se estadualizaram, mas de forma muito política. O jornalista frisa que analisando o período de 1950 a 1980, encontramos vários políticos. Outro ponto destacado é a feudalização dessas instituições, prejudicando as competições, principalmente nos aspectos político e econômico. Com a presença de Avaí e Figueirense, na Série A, Criciúma, na Série B, e, Joinville e Chapecoense, na Série C, sem respaldo da Federação Catarinense de Futebol, Pandolfi considera Delfim “uma figura menor do futebol catarinense, sem representatividade junto a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), nem aos clubes”, complementando que “as equipes não dependem da Federação”. Para o jornalista, o Delfim, representante do futebol catarinense desde 1985, é um simulacro dos velhos cartolas do futebol brasileiro. Na gestão Delfim, inúmeros clubes chegaram a elite estadual, mas desapareceram em pouco tempo.

Associações de clubes poderiam organizar as competições

Com o contexto econômico cada vez mais presente no futebol brasileiro, a CBF passou a cuidar apenas da seleção brasileira, enquanto o Clube dos 13 passou a ser responsável pela formulação do campeonato brasileiro.

Mauro Pandolfi sugere que as competições estaduais passagem a ser administradas por uma associação de clubes, enquanto as federações estaduais ficariam apenas com o futebol amador, para as equipes buscarem contratos mais rentáveis, visando tornar as disputas mais atrativas financeiramente.

O jornalista Pandolfi falou que as televisões comunitárias poderiam transmitir as partidas das equipes locais através de maneira gratuita ou em permutas, em horários alternativos, sem concorrer com as principais competições nacionais. Outro ponto destacado por Panfolfi é a integração dos estaduais ao nacional, criando mais divisões. Em Santa Catarina, utilizando como exemplo, ele disse que os clubes presentes nas três principais divisões, garantem vaga no supercampeonato, entre fevereiro e maio, enquanto os integrantes de escalas inferiores jogam classificatórios entre os meses de maio a dezembro, mantendo as equipes em atividade. As divisões dos estaduais serviriam também para classificar os times dos estados para as outras séries do nacional, possibilitando a criação de mais divisões em território nacional, dando oportunidade a criação de mais clubes.